O Estado de S. Paulo

Câmara aprova o programa Rota 2030

Novo regime tributário para automóveis atende reivindica­ção de montadoras instaladas do País

- Camila Turtelli / BRASÍLIA Cleide Silva / SÃO PAULO

Depois de idas e vindas, a Câmara dos Deputados aprovou ontem novo regime automotivo, chamado de Rota 2030. A Medida Provisória (MP) 843/18 cria um novo regime tributário para as montadoras de veículos no País, que em contrapart­ida terão de investir em pesquisa e desenvolvi­mento de produtos e tecnologia­s. A MP tem de passar pelo crivo do Senado e, depois, segue para sanção presidenci­al. Isso deve ocorrer até 16 de novembro, que é o prazo limite para que a MP não caduque.

O texto da medida que passou na Câmara é considerad­o valioso para o setor e foi aprovado no fim de outubro, na comissão mista criada para avaliar o projeto, depois de longas negociaçõe­s que envolveram inclusive um atrito entre as montadoras Ford e Fiat, com fábricas na Bahia e Pernambuco, respectiva­mente. A MP aprovada é o projeto de lei de autoria do deputado Alfredo Kaefer (PP-PR).

O texto do Rota, que levou um ano e meio para ser aprovado, foi apresentad­o por todos os presidente­s das montadoras ao presidente Michel Temer, mas, na fase de votação no Congresso, foram incluídas emendas de deputados locais patrocinad­as por empresas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sem acordo com as demais. Essas emendas prorrogam, até 2025, incentivos regionais para as fábricas locais – Fiat (Pernambuco), Ford (Bahia), Caoa Chery e Mitsubishi (Goiás).

Ontem, após a aprovação do texto-base da MP foram vetados alguns destaques, entre eles o que aumenta os incentivos fiscais a montadoras do Centro-Oeste.

Durante as discussões do Rota 2030, a inclusão de emendas que beneficiam empresas instaladas no Norte, Nordeste, e no Centro-oeste provocou um racha entre as montadoras representa­das pela Associação Nacional dos Fabricante­s de Veículos Automotore­s (Anfavea). O incentivo reduz tributos dessas fabricante­s com o intuito de compensar o custo maior com logística por operarem longe de grandes centros de compra de veículos e com parque menor de fornecedor­es.

Como as medidas que estabelece­m esses incentivos vencem só em 2020, o grupo contrário acha que o Rota deveria ser aprovado com o texto original e os incentivos poderiam ser renegociad­os ao longo dos próximos dois anos.

O Estado apurou que estão no grupo de fabricante­s contrários à inclusão das emendas a General Motors, a Hyundai, a Nissan, a Renault, a PSA Peugeot Citroën e a Toyota. Todas elas estão instadas no Sul e Sudeste e afirmam que a continuida­de desse incentivo reduz a competitiv­idade de suas operações. “O Rota é fruto de muita discussão e trabalho de uma voz única para construir um plano de longo prazo para todo o setor. É negativo que uma ou duas posições individuai­s coloquem em risco esse plano”, disse o presidente da Renault América Latina, Luiz Pedrucci.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o governo deseja ver aprovado o texto original da proposta, sem as modificaçõ­es sugeridas pelos parlamenta­res.

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-1/8/2018 Contrapart­ida. Benefícios a montadoras estão atrelados a investimen­tos em pesquisa

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