IPCA desacelera e fecha outubro em 0,45%
Resultado reforça expectativa de que a inflação fique abaixo da meta em 2018 e juro será mantido
Apesar da nova rodada de reajustes nos combustíveis e do encarecimento de alguns alimentos, a inflação oficial voltou a surpreender positivamente em outubro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,45%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro, o IPCA teve alta de 0,48%.
Embora a taxa de outubro tenha sido a mais elevada para o mês desde 2015, o resultado ficou aquém da mediana de 0,55% esperada por analistas do mercado ouvidos pelo Projeções Broadcast. O cenário inflacionário benigno fez alguns economistas revisarem as estimativas para o IPCA do ano, aumentando as apostas em um resultado abaixo do centro da meta de 4,5% perseguida pelo Banco Central. Isso abriria caminho para uma manutenção dos juros básicos (Selic), nos atuais 6,5% ao ano por mais tempo.
“Acredito que a Selic vá continuar em 6,5% na reunião do mês que vem do Comitê de Política Monetária do BC. Esse IPCA de outubro foi bastante importante e praticamente garante a inflação abaixo (do centro) da meta em 2018”, avaliou André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV.
Para a economista Camila Abdelmalack, da corretora CM Capital Markets, o quadro inflacionário propicia uma alta nos juros apenas em meados do terceiro trimestre de 2019, em um ambiente livre de pressão cambial e com alguma lentidão no ritmo de recuperação da atividade econômica. “Entretanto, a manutenção desse ambiente inflacionário benéfico está sujeito à aprovação das reformas econômicas”, ponderou Camila.
Ociosidade. A economista-chefe da gestora de investimentos Icatu Vanguarda, Ana Flávia Soares Oliveira, estima, por ora, que o início do ciclo de alta na Selic ocorra no segundo trimestre de 2019, com o juro fechando o ano que vem em 8%.
O mercado de trabalho ainda não está vigoroso o suficiente para gerar uma pressão de demanda sobre a inflação, observou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE.
“O nível de desemprego teve recuo no mês passado, mas ainda continua a reposição do emprego por meio do trabalho informal. Essas pessoas acabam não tendo a mesma segurança que as pessoas com carteira assinada têm, e por isso ficam mais contidas ao fazer suas despesas”, argumentou Gonçalves.
Uma das medidas que reflete o impacto da demanda sobre os preços é a inflação de serviços, que ficou em 0,17% em outubro. Dentro do IPCA, em 12 meses, inflação de serviços desceu a 3,03% em outubro, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012.