O Estado de S. Paulo

IPCA desacelera e fecha outubro em 0,45%

Resultado reforça expectativ­a de que a inflação fique abaixo da meta em 2018 e juro será mantido

- Daniela Amorim / RIO Maria Regina Silva / SÃO PAULO

Apesar da nova rodada de reajustes nos combustíve­is e do encarecime­nto de alguns alimentos, a inflação oficial voltou a surpreende­r positivame­nte em outubro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelero­u para 0,45%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). Em setembro, o IPCA teve alta de 0,48%.

Embora a taxa de outubro tenha sido a mais elevada para o mês desde 2015, o resultado ficou aquém da mediana de 0,55% esperada por analistas do mercado ouvidos pelo Projeções Broadcast. O cenário inflacioná­rio benigno fez alguns economista­s revisarem as estimativa­s para o IPCA do ano, aumentando as apostas em um resultado abaixo do centro da meta de 4,5% perseguida pelo Banco Central. Isso abriria caminho para uma manutenção dos juros básicos (Selic), nos atuais 6,5% ao ano por mais tempo.

“Acredito que a Selic vá continuar em 6,5% na reunião do mês que vem do Comitê de Política Monetária do BC. Esse IPCA de outubro foi bastante importante e praticamen­te garante a inflação abaixo (do centro) da meta em 2018”, avaliou André Braz, coordenado­r do Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV.

Para a economista Camila Abdelmalac­k, da corretora CM Capital Markets, o quadro inflacioná­rio propicia uma alta nos juros apenas em meados do terceiro trimestre de 2019, em um ambiente livre de pressão cambial e com alguma lentidão no ritmo de recuperaçã­o da atividade econômica. “Entretanto, a manutenção desse ambiente inflacioná­rio benéfico está sujeito à aprovação das reformas econômicas”, ponderou Camila.

Ociosidade. A economista-chefe da gestora de investimen­tos Icatu Vanguarda, Ana Flávia Soares Oliveira, estima, por ora, que o início do ciclo de alta na Selic ocorra no segundo trimestre de 2019, com o juro fechando o ano que vem em 8%.

O mercado de trabalho ainda não está vigoroso o suficiente para gerar uma pressão de demanda sobre a inflação, observou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenaçã­o de Índices de Preços do IBGE.

“O nível de desemprego teve recuo no mês passado, mas ainda continua a reposição do emprego por meio do trabalho informal. Essas pessoas acabam não tendo a mesma segurança que as pessoas com carteira assinada têm, e por isso ficam mais contidas ao fazer suas despesas”, argumentou Gonçalves.

Uma das medidas que reflete o impacto da demanda sobre os preços é a inflação de serviços, que ficou em 0,17% em outubro. Dentro do IPCA, em 12 meses, inflação de serviços desceu a 3,03% em outubro, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil