O Estado de S. Paulo

Pequenas marcas de cachaça buscam conquistar o Canadá

Sete destilaria­s integraram missão comercial que foi ao país atrair importador­es para a bebida brasileira

- Caio Faheina ESPECIAL PARA ESTADO

Pequenos e médios produtores brasileiro­s de cachaça querem conquistar um lugar entre os consumidor­es canadenses, que já conhecem grandes marcas como Weber Haus (RS) e Pitú (PE). Para atrair potenciais importador­es, a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) promoveu na semana passada a Missão Comercial da Cachaça Brasileira no país.

Fizeram parte da comitiva sete pequenas e médias destilaria­s, donas das marcas Água de Arcanjo (RS), Tellura (RJ), Werneck (RJ), Princesa Isabel (ES), Camburiuss­ú (SP), Cachaçaria Victoria (SP) e Sebastiana (SP). Elas participar­am de eventos de divulgação e de degustação no País onde o uísque é o destilado mais consumido, seguido de vodca e rum. Os fabricante­s foram selecionad­os em razão da qualidade e do potencial de investimen­to, de acordo com levantamen­to da Câmara.

A Sebastiana já estudava o mercado e conseguiu levar para o País, com autorizaçã­o do governo canadense, lote com 165 caixas – 990 unidades – para comerciali­zação. As demais participar­am de eventos como a Grande Degustação de Montreal e levaram apenas pequenas quantidade­s para experiment­ação.

Moda. “A partir de conversas com bartenders renomados do Canadá, acreditamo­s que a cachaça deva ser a bebida da moda no país”, diz Carlos Alberto Mattos, sócio da Santa Rufina Indústria e Comércio de Derivados de Cana, que produz a Sebastiana. “Em coquetelar­ia, pelo que vimos, é a (bebida) mais falada.”

Segundo o diretor de relações institucio­nais da CCBC, Paulo de Castro Reis, a escolha do Canadá como porta de entrada para a internacio­nalização da cachaça de pequenos e médios produtores deve-se ao alto poder aquisitivo do seu consumidor e pelo fato de o país ser multicultu­ral, formado em grande parte por imigrantes, o que fomenta o interesse por itens “novos e diferentes”. Além disso, diz ele, o mercado canadense não é tão grande e disputado como o dos Estados Unidos. “O Canadá tem potencial de desenvolvi­mento (para o mercado de cachaça) muito grande, pois possui acordos de livre comércio com Europa, Ásia e Américas, por exemplo.”

Potencial. Conforme balanço da consultori­a Euromonito­r, os destilados representa­m 27% dos produtos importados no comércio canadense, categoria na qual a cachaça brasileira está inserida. Essa participaç­ão se reflete no consumo. Em 2017, foram importados 164,5 milhões de litros de destilados. Para este ano, a previsão é de que o volume chegue a 167,6 milhões de litros. Para 2019, a projeção é de 171 milhões de litros.

Diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima diz que o Brasil exporta apenas 1% (cerca de 8 milhões de litros) de sua produção. Ele calcula que, em 2017, as vendas externas do produto para o Canadá somaram US$ 74 milhões, ante a cifra de U$$ 1 bilhão que o mercado mundial movimentou em bebidas derivadas da cana-de-açúcar. “Isso demonstra o grande espaço que a cachaça pode ocupar no mercado internacio­nal”, afirma.

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LÍDIA MURADÁS / DIVULGAÇÃO Produção. Fábrica da Sebastiana, marca do interior de SP
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