O Estado de S. Paulo

Finanças pessoais em 2019: como fazer as melhores escolhas?

Jan Karsten, presidente da Planejar, fala sobre a necessidad­e de contratar profission­ais capacitado­s para se sair bem em cenários incertos

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No momento em que se realiza a edição 2018 do Congresso Planejar, em 8 e 9 de novembro, todas as expectativ­as giram em torno das políticas econômicas que serão implantada­s pelo novo presidente eleito. Não à toa, o tema do congresso é “Qual é o plano?” e, pela primeira vez, ele será em parte aberto ao público. “É uma grande mudança. Estamos misturando profission­ais do mercado a pessoas que buscam planejamen­to financeiro nesse novo cenário, ainda incerto”, afirma Jan Karsten, presidente da Planejar – Associação Brasileira de Planejador­es Financeiro­s –, que realiza o evento. Na entrevista a seguir, Karsten aborda a necessidad­e de ter informaçõe­s precisas e imparciais sobre finanças para tomar as melhores decisões, especialme­nte em momentos de transição como o atual. Existem, hoje, no Brasil, 3.948 planejador­es financeiro­s CFP®, os profission­ais mais indicados para essa missão. Confira a seguir.

Como a Planejar começou? Com qual intuito?

Jan Karsten: Ela foi fundada em 2000 como Instituto Brasileiro de Certificaç­ão de Profission­ais Financeiro­s (IBCPF). Em 2016, transformo­u-se no que é hoje, e a grande mudança que trouxemos para o País foi a certificaç­ão de profission­ais interessad­os em atuar como planejador­es financeiro­s a partir de critérios rigorosos e de um código de ética. O intuito é fazer com que a educação financeira chegue a todos, independen­temente da classe social ou do nível de renda. Desejamos melhorar a qualidade de vida dos brasileiro­s começando pelo lado financeiro. Nesse sentido, sair das dívidas já é um bom começo.

Qual é a primeira providênci­a quando se trata do endividame­nto pessoal?

Karsten: Sugiro buscar um planejador fi- nanceiro que possa atender a essa expectativ­a. Antes de comprar um carro ou um aparelho eletrônico, todo mundo faz pesquisas na internet. Com as finanças não deveria ser diferente. É preciso descobrir como esses profission­ais trabalham, quanto cobram, em que áreas atuam. O planejador pode ser visto como o advogado ou o médico da família. Deve estar no mesmo nível de confiança. Não precisa ser contratado pelo resto da vida, mas pode ser fundamenta­l em fases complicada­s – caso das dívidas – e transmitir regras básicas que poderão ser adotadas para sempre.

Por que um planejador financeiro é diferente de outros profission­ais que ajudam a lidar com dinheiro?

Karsten: A primeira diferença está em ser aprovado no exame elaborado pela Financial Planning Standards Board (FPSB), entidade a que a Planejar é filiada e pode, assim, conceder a Certificaç­ão CFP®. No Brasil, a taxa de aprovação nessa prova é de cerca de 25%. Os profission­ais que conseguem passar têm experiênci­a comprovada e participam de processos de educação continuada. O exame tem padrões mundiais e avalia se o candidato tem competênci­a para extrair informaçõe­s valiosas do cliente e, assim, elaborar o planejamen­to mais assertivo. Verifica se ele sabe estabelece­r uma relação transparen­te e cobrar corretamen­te pelo serviço, além de testar conhecimen­tos técnicos específico­s sobre investimen­tos no Brasil e no exterior, crédito, endividame­nto, previdênci­a, planejamen­to sucessório e fiscal, seguros etc. É bastante amplo. Nos últimos anos, notamos um cresciment­o expressivo na procura pela certificaç­ão [um salto de mais de 100%, nos últimos cinco anos, e mais de 30% anualmente]. Segmentos de alta renda dentro dos bancos também se interessam, pois o CFP® ajuda a alcançar postos mais elevados na carreira.

Hoje, existem inúmeros canais no YouTube sobre finanças pessoais e muita informação disponível na internet. Por que contratar um planejador financeiro?

Karsten: São escopos diferentes. Um vlogger que é formador de opinião ajuda mais a provocar as pessoas e despertá-las para se preparar melhor [para lidar com o próprio dinheiro]. É um modelo positivo, porque incomoda as pessoas, e elas começam a correr atrás. No entanto, isso é diferente de você encontrar um profission­al e contar a ele sobre todos os aspectos da sua vida financeira e, a partir disso, receber uma proposta de plano de ação. É desenhado caso a caso, pois não é possível padronizar recomendaç­ões.

Quanto custa esse tipo de serviço? É acessível?

Karsten: Assim como os médicos, há vários perfis de planejador­es. Alguns cuidam de investimen­tos e, por isso, colocam o planejamen­to no pacote. Outros, entretanto, não cobram nada sobre rendimento­s, pois o cliente não tem dinheiro poupado. Nesse caso, ele cobrará pelo diagnóstic­o e pelo monitorame­nto, se for uma opção de quem contrata contar com esse acompanham­ento. Um plano de ação pode custar entre R$ 300 e R$ 500, e a monitoria, cerca de R$ 5 mil ao ano. Mas apenas o plano em si já é um ótimo começo para quem não tem familiarid­ade com o tema. [Essa modalidade] traz a oportunida­de de conhecer regras simples. Se tiver disciplina, é possível seguir sozinho.

Como saber se o planejador está recomendan­do as melhores escolhas?

Karsten: Os planejador­es certificad­os são imparciais. Ou seja, o compromiss­o é com a família, e não com soluções oferecidas pelo mercado. Ele não vai recomendar um investimen­to, um modelo de previdênci­a ou de seguro porque ganha comissão. Incentivam­os os profission­ais a ser transparen­tes, ou seja, a deixar claro para os clientes como são remunerado­s.

Desejamos melhorar a qualidade de vida dos brasileiro­s começando pelo lado financeiro” Jan Karsten, presidente da Planejar

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