Por dentro do regulamento do setor
Dois especialistas compartilham seus conhecimentos sobre o mercado
“Fala-se em planejamento financeiro desde o começo dos anos 2000 no Brasil. Nessa época, o tema estava concentrado nos bancos. Em 2004, o Banco Central transferiu algumas responsabilidades para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que passou a acompanhar os investimentos dos brasileiros, ainda restritos. As mudanças nos pilares dos produtos financeiros e as novas ferramentas tecnológicas tornaram o mercado de fundos mais sofisticado, com uma prateleira diversificada. Esse ambiente torna relevante o papel do planejador. Há dez anos, era complicado pensar em uma arquitetura aberta de consultoria financeira. Hoje, não. O entendimento sobre risco amadureceu, ao mesmo tempo em que se buscam alternativas ao escopo tradicional. A pressão permite que novos modelos sejam criados. Com o mercado mais forte, o desafio é criar padrões de trabalho e de comportamento para autônomos e pequenas consultorias que vão se multiplicando.”
José Eduardo Brazuna, membro da comissão de advocacy da Planejar e fundador da 3 Fund Consult, empresa de governança e regulação na área de investimentos “A situação dos planejadores financeiros é peculiar por conta dos serviços amplos e complexos que oferecem. Os profissionais não precisam ser autorizados pelos órgãos reguladores para atuar, mas, se oferecerem consultoria em valores mobiliários, precisam ser registrados pela CVM. A liberdade para atuar é grande, desde que o profissional aja em nome do cliente, e não de vantagens sobre a venda de ativos, por exemplo. Clareza sobre a atuação e os modos de remuneração são fundamentais. A regulação oferecida pela Planejar, via certificação, é suficiente, pois ela autoriza ao trabalho mediante uma prova técnica e um código de ética que cobre o aspecto multidisciplinar e flexível dessa atividade. O futuro depende dos rumos da economia brasileira. Quando ela vai bem, existe demanda da classe média espalhada pelo País para gerir melhor seu patrimônio. Mas esse cliente pode desaparecer quando a economia desacelera, e aí o planejador trabalhará para detentores de grandes fortunas, de modo mais concentrado.”
Otávio Yazbek, sócio do escritório Yazbek Advogados