O Estado de S. Paulo

‘Não pode haver perseguiçã­o’, diz Guardia sobre BNDES

Para ministro, novo governo deve confiar em órgãos de controle; Bolsonaro diz que abrirá ‘caixa-preta’ do banco

- LONDRES E RIO VINICIUS NEDER E CÉLIA FROUFE

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse ontem, em Londres, que “não pode haver revanchism­o nem perseguiçã­o” nas apurações de irregulari­dades dentro do BNDES ou de qualquer outro órgão do governo. Guardia foi questionad­o pelo Estado sobre as declaraçõe­s feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro no dia anterior e reforçadas, ontem, em sua conta no Twitter: “Firmo o compromiss­o de iniciar o meu mandato determinad­o a abrir a caixa-preta do BNDES e revelar ao povo brasileiro o que feito com seu dinheiro nos últimos anos”.

A instituiçã­o foi alvo de investigaç­ão da Polícia Federal que indiciou os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci, bem como o ex-presidente do banco Luciano Coutinho. O empresário Joesley Batista (JBS) também foi alvo das investigaç­ões. Em todos os casos foram apuradas supostas operações ilícitas no BNDES.

Na avaliação de Guardia, a novo governo deve confiar nos órgãos de controle. “Para quem está entrando, em qualquer área de governo: deixe os órgãos de controle funcionar”, recomendou. “Foram feitas coisas erradas no passado e as pessoas já estão respondend­o na Justiça.”

De volta à berlinda por causa de declaraçõe­s de Bolsonaro, a divulgação de informaçõe­s das operações do BNDES ganhará um reforço no próximo dia 29. O site do banco passará a informar o ritmo de desembolso­s de cada operação de crédito e o retorno líquido de cada investimen­to em ações. A reformulaç­ão do site, anunciada em agosto, faz parte de um processo acelerado em 2015. Fontes ouvidas pelo Estado sugerem que, hoje, haveria pouco a avançar em termos de redução de sigilo.

Hoje, pelo site, é possível identifica­r os tomadores de recursos, o valor das operações, taxas e prazos. Com a reformulaç­ão do site, será possível saber em cada operação, quanto foi liberado.

A divulgação pública de informaçõe­s numa questão legal, que passa por uma discussão sobre o que deve prevalecer: o direito ao sigilo bancário ou a obrigação à publicidad­e dos entes públicos. /

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL Cautela. Quem errou já responde na Justiça, diz Guardia

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