O Estado de S. Paulo

Secretário de May renuncia e pede nova votação sobre Brexit

No mesmo dia, principal aliado político da premiê, o partido norte-irlandês DUP, criticou seu projeto de divórcio com Bruxelas

- LONDRES

O secretário de Transporte do Reino Unido, Jo Johnson, renunciou ontem por desacordo com o Brexit defendido pela primeira-ministra, a conservado­ra Theresa May. Ele também pediu um novo plebiscito para decidir se os britânicos devem deixar ou não a União Europeia.

“O que se está propondo não será nada parecido com o que se prometeu há dois anos, quando 51,9% dos eleitores optaram por abandonar a União Europeia em um referendo”, afirmou Johnson, que ocupava a pasta desde janeiro.

Johnson afirmou, em comunicado, que apoiar o acordo de saída que Londres e Bruxelas “estão finalizand­o” seria um “terrível erro” que deixaria o Reino Unido economicam­ente fraco e sem poder de decisão nas regras que a UE manda seguir.

Johnson é irmão do ex-secretário de Relações Exteriores, Boris Johnson, que se demitiu em julho, também por discordar da maneira que o Brexit vinha sendo conduzido. Ao contrário do irmão, porém, Jo Johnson apoiou permanênci­a do Reino Unido na UE no referendo.

Theresa May já afirmou em mais de uma ocasião que não fará um segundo plebiscito sobre a saída do Reino Unido do bloco europeu.

Horas antes do anúncio de Johnson, o principal aliado político de May, o pequeno partido norte-irlandês DUP, do qual a premiê depende para ter maioria no Parlamento, também tinha lançado uma advertênci­a contra um projeto de acordo que classifico­u como “traição completa”.

Transição. Londres e Bruxelas estão tentando acelerar a conclusão de um acordo de separação que inclua um período de transição depois do Brexit, programado para 29 de março, durante o qual o Reino Unido será regido por regulament­ações europeias, mas não mais participar­á da tomada de decisões.

Em carta aos líderes do DUP, May explicou que a UE insiste que o território britânica da Irlanda do Norte mantenha os mesmos regulament­os da vizinha Irlanda, país membro do bloco, como forma de evitar uma nova fronteira entre os dois.

Essa solução, chamada de “backdrop” ou “rede de segurança”, seria aplicável até que o Reino Unido e a UE chegassem a um acordo sobre sua futura relação comercial. “A carta da primeira-ministra é um sinal de alarme para aqueles que atribuem importânci­a à integridad­e do nosso território e para aqueles que querem um verdadeiro Brexit para todo o Reino Unido”, tuitou a líder do DUP, Arlene Foster.

Pressionad­a pela ala mais radical do Partido Conservado­r, May pode perder o apoio do DUP, cujos 10 deputados são cruciais para o governo de coalizão.

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STEFAN ROUSSEAU/AP Impasse. Para Jo Johnson, acordo de May é erro terrível

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