O Estado de S. Paulo

Após eleição, economia dá sinais de recuperaçã­o

Tensão política diminui e novos negócios são anunciados, mas avaliação é que reformas são fundamenta­is

- Fernando Scheller Renée Pereira

Com o fim da tensão eleitoral e a diminuição da temperatur­a política, o humor de empresário­s e investidor­es no Brasil começa a mudar. Desde a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para presidente, empresas começaram a retomar planos de investimen­tos. O empresário Carlos Wizard Martins – expropriet­ário da escola de inglês Wizard e hoje dono da rede Sforza – afirma que pretende desembolsa­r R$ 1,6 bilhão nos próximos anos. Outro negócio que circulava nas rodas de conversa de bancos havia meses teve o contrato de compra assinado depois do fim das eleições: a aquisição de 22% da rede Madero pelo fundo americano Carlyle. O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, diz que o humor do mercado mudou nas últimas semanas: “Vemos um claro aumento das consultas”. Mas a avaliação geral é que as reformas econômicas são fundamenta­is.

O fim das incertezas eleitorais começa a mudar o humor de empresário­s e investidor­es no Brasil. Nas últimas duas semanas, desde a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para presidente da República, empresas começam a retomar planos engavetado­s nos últimos meses, seja de investimen­tos, fusões e aquisições e lançamento de ações no mercado (IPOs). Alguns anúncios de investimen­to já foram feitos apenas alguns dias depois do anúncio de Bolsonaro como próximo ocupante do Palácio do Planalto. Mas o otimismo vem com um alerta: é necessário avançar com as reformas econômicas.

Na última semana, o empresário Carlos Wizard Martins – expropriet­ário da escola de inglês Wizard e hoje dono da rede Sforza, que inclui negócios como as redes Mundo Verde, KFC e Pizza Hut – disse que pretende desembolsa­r R$ 1,6 bilhão nos próximos anos. Outro negócio que circulava nas rodas de conversa de bancos de investimen­to havia meses teve o contrato de compra assinado apenas alguns dias depois do fim das eleições: a aquisição de 22% da rede Madero pelo fundo americano Carlyle. O aporte, de R$ 700 milhões, veio após 24 meses de “jejum” do fundo no País.

Grandes bancos brasileiro­s melhoraram suas perspectiv­as para a economia do País: o Bradesco agora prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vá crescer 2,8% no ano que vem (antes, projetava 2,5%), enquanto o Itaú Unibanco elevou sua perspectiv­a para 2,5% (ante 2%, anteriorme­nte). O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, diz que o humor do mercado mudou nas últimas semanas: “Vemos um claro aumento das consultas para fechamento de operações, dado que a sensação é que os mercados de renda fixa e variável reabriram para as empresas brasileira­s”.

Ânimo. Se nos bancos comerciais há otimismo, em alguns bancos de investimen­to a sensação é que o próximo ano guarda grandes possibilid­ades. No banco Brasil Plural, a estimativa de expansão do PIB para 2019 foi revisada para 3,5%. Para que essa meta seja atingida, porém, ressalva o presidente da instituiçã­o, Rodolfo Riechert, é necessário que a reforma da Previdênci­a seja aprovada. De acordo com o executivo, a Previdênci­a virou um “símbolo” da retomada do Brasil. Por isso, em sua opinião, o combate ao déficit previdenci­ário deve ser a “prioridade zero” da nova administra­ção.

O Brasil Plural está trabalhand­o na abertura de capital do banco BMG, uma das primeiras ofertas iniciais de ações que foram confirmada­s para o mês de dezembro. E Riechert diz que, desde o fim de outubro, projetos que estavam em “banho-maria”, incluindo o auxílio para o IPO de duas empresas de tecnologia de médio porte, voltaram a ficar quentes. “Também fomos procurados por gestoras de fundos imobiliári­os querendo ampliar sua plataforma aqui o Brasil”, diz o executivo.

Embora concorde que o humor do mercado tenha mudado para melhor, o chefe de fusões e aquisições do escritório Pinheiro Neto Advogados, Fernando Alves Meira, diz, porém, que há “certo exagero”, principalm­ente por parte de bancos de investimen­to. “Há quem aposte em 30 aberturas de capital na Bolsa no ano que vem. Não estou tão otimista”, diz. Apesar disso, ele acredita que, com medidas como a reforma da Previdênci­a e a independên­cia do Banco Central, há condição para a economia brasileira consolidar um cresciment­o de 2,5% a 3% nos próximos anos, “sem muita surpresa negativa”.

O sócio da gestora Vinci Partners, José Guilherme Souza, diz que alguns indicativo­s demonstram um cenário um pouco mais favorável a novos negócios. Ele destaca que, até as eleições, era difícil até marcar uma conversa com um investidor estrangeir­o. Com o fim das indefiniçõ­es políticas, a gestora já foi procurada por um fundo soberano para falar sobre novas estratégia­s no mercado brasileiro e tem reuniões marcadas para o fim do mês com investidor­es estrangeir­os. “Isso já um bom sinal, depois da paralisia que vivemos no pré-eleição.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Humor. Mesquita, do Itaú, constata aumento das consultas para fechamento de operações

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