O Estado de S. Paulo

Doria pensa em Meirelles para o secretaria­do

Ex-ministro seria o 4º integrante da administra­ção Temer no secretaria­do do governador eleito; nomes de tucano e de desembarga­dor devem ser anunciados hoje

- Pedro Venceslau Fábio Leite

O governador eleito de São Paulo, João Doria, pensa em convidar o exministro da Fazenda e candidato derrotado a presidente Henrique Meirelles (MDB) para cuidar das finanças do Estado. Hoje, Doria vai anunciar Paulo Dimas, ex-presidente do TJ-SP, como seu futuro secretário de Justiça.

O governador eleito João Doria (PSDB) disse a interlocut­ores que gostaria de contar com o ex-ministro Henrique Meirelles, candidato derrotado do MDB à Presidênci­a, em sua equipe como secretário da Fazenda.

O tucano considera o emedebista o “secretário dos sonhos”, mas ainda não fez um convite formal. Terminado o primeiro turno, Meirelles abriu conversas com diversas instituiçõ­es do mercado financeiro para voltar à iniciativa privada.

Presidente do Banco Central na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministro da Fazenda de Michel Temer, Meirelles obteve pouco mais de 1% dos votos válidos na disputa presidenci­al.

Doria já anunciou três ministros de Temer em seu secretaria­do: Rossieli Soares, na Educação; Gilberto Kassab (PSD), na Casa Civil, e Sérgio Sá Leitão, na Cultura. O atual ministro da Fazenda de Michel Temer, Eduardo Guardia, teve uma conversa reservada com o governador eleito na semana passada, mas também não houve convite formal para o cargo.

Assim como o presidente eleito Jair Bolsonaro fez, em Brasília, com Sérgio Moro, Doria vai anunciar hoje um magistrado que vai comandar a Justiça: o desembarga­dor Paulo Dimas Mascaretti, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. A negociação foi fechada no final de semana e envolveu diretament­e a cúpula do Tribunal de Justiça.

Doria também vai anunciar o primeiro nome tucano de seu secretaria­do. Dos cinco titulares escolhidos até agora, nenhum é do PSDB, o que gerou críticas do presidente da sigla em São Paulo, Pedro Tobias.

“Acho estranho ele não ter indicado ninguém do PSDB. Doria precisa tratar o partido com mais carinho. O PSDB esteve ao lado dele na campanha”, disse o deputado estadual Pedro Tobias, presidente estadual da legenda.

Tucanos. Vinte quatro anos depois de o PSDB chegar ao poder em São Paulo, o governador eleito está montando sua equipe sem consultar o partido, que já está fora dos principais cargos políticos do Palácio dos Bandeirant­es.

Dos sete secretário­s anunciados até o momento, nenhum é tucano. O PSDB deixará de comandar a partir de 2019 pastas estratégic­as como a Casa Civil, que terá como titular Gilberto Kassab, presidente do PSD, e Secretaria de Governo, que terá suas atribuiçõe­s absorvidas por Rodrigo Garcia (DEM).

No último mandato do ex-governador Geraldo Alckmin (2015-2018), os tucanos comandaram oito das 23 secretaria­s, em uma partilha generosa com o partido, que ficou com as pastas politicame­nte estratégic­as, como Casa Civil e Governo, e que contam com importante­s vitrines da gestão, como Saúde, Logística e Transporte­s e Transporte­s Metropolit­anos.

Ao todo, os quadros do PSDB no primeiro escalão administra­ram um orçamento de R$ 43 bilhões, 34% do total. Das secretaria­s com mais recursos, Saúde (R$22,4 bilhões) ficou com o médico tucano David Uip, enquanto que Educação (R$ 30,8 bilhões) e Segurança Pública (R$ 21,3 bilhões), historicam­ente mais problemáti­cas, tiveram nomeações técnicas, da cota do ex-governador.

Alckmin também alocou em seu secretaria­do dois tesoureiro­s de campanha do PSDB. Marcos Monteiro, que comandou as finanças na eleição de 2010, foi secretário de Planejamen­to e Gestão.

Já Clodoaldo Pelissioni, que atuou na reeleição em 2014, assumiu Transporte­s Metropolit­anos, pasta responsáve­l pelas obras de trem e metrô.

Legendas. Além do PSB de França, o governo Alckmin contava com outras oito legendas alojadas no primeiro escalão. O vice-governador eleito, Rodrigo Garcia (DEM), por exemplo, era o titular da Habitação. PHS, PP, PPS, PRB, PTB, PV e Solidaried­ade tinham uma indicação cada. Já o PSD do ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab, não tinha espaço no secretaria­do alckmista. Todos os partidos que apoiaram Alckmin tiveram algum espaço na gestão, mas nenhum com mais de uma secretaria no governo.

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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Desejo. Meirelles (MDB) teve pouco mais de 1% dos votos na eleição presidenci­al e é o ‘secretário dos sonhos’ de Doria

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