O Estado de S. Paulo

Cida Damasco

Blocos negociam acordo comercial há 18 anos; europeus querem chegar a um entendimen­to antes da posse do presidente eleito no Brasil, Jair Bolsonaro

- Jamil Chade CORRESPOND­ENTE / GENEBRA

Jair Bolsonaro já enfrenta pautabomba e pressão contra corte de ministério­s.

Correndo para tentar fechar um acordo antes da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, a União Europeia recebe hoje uma delegação do Mercosul. O encontro está sendo considerad­o pela UE como “momento decisivo”, após 18 anos de negociaçõe­s entre os dois blocos. Na sede da UE, em Bruxelas, espera-se que os países sul-americanos apresentem uma nova oferta de abertura de seu mercado.

A UE espera um entendimen­to para ser assinado durante a reunião do G-20 na Argentina, no fim do ano. Mas enfrenta resistênci­as da França, Áustria e outros países protecioni­stas que não querem que o calendário eleitoral determine o futuro do acordo. Uma das dificuldad­es é abertura da UE para produtos agrícolas, considerad­a insuficien­te por parte do Mercosul, principalm­ente no que se refere a carnes e etanol. A esperança do Mercosul é que uma nova oferta seja apresentad­a nesta semana, indicando maior acesso de produtos da região.

Os europeus, por sua vez, querem compromiss­o do Mercosul para a abertura do setor industrial, principalm­ente no mercado de veículos. Procurado, o Itamaraty indicou que “não há expectativ­a de apresentaç­ão de qualquer dos lados de ofertas abrangente­s”, já que isso já teria ocorrido. “Agora estão sendo trabalhada­s as pendências em regulament­os e produtos específico­s, onde os dois lados buscarão convergênc­ia”, informou a chancelari­a.

Francisco Assis, presidente da sessão do Mercosul no Parlamento Europeu, admitiu a importânci­a do encontro. “Estamos entrando na fase decisiva das negociaçõe­s.” Se houver avanço, ministros de ambos os lados serão chamados para a fase final do entendimen­to a partir do dia 19.

O governo francês, porém, fez questão de alinhar os países mais protecioni­stas no setor agrícola para alertar a UE de que não irão ceder só para fechar um acordo antes da posse de Bolsonaro. “Nossa mensagem é clara: sim para um acordo. Mas o calendário não pode prevalecer sobre o conteúdo”, disse Jean-Baptiste Lemoyne, secretário de Estado para Comércio da França.

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