Alternativas menos nocivas
Um relatório do Parlamento Britânico, divulgado no último mês de agosto, aponta o cigarro eletrônico como uma alternativa potencialmente menos nociva aos fumantes não dispostos a abandonar o vício. De acordo com o documento, os usuários deixariam de inalar milhares de compostos químicos provocados pela combustão, muitos deles associados ao desenvolvimento de doenças relacionadas ao tabagismo. No Brasil, a comercialização desses produtos está proibida desde 2009.
Recentemente, 70 especialistas em saúde pública e ativistas antitabaco assinaram e entregaram uma carta aberta ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, onde pedem que sejam adotadas medidas mais positivas e menos restritivas com relação aos produtos de risco reduzido, uma vez que eles já demonstraram cientificamente ajudar na diminuição do número de adultos fumantes. Segundo os especialistas, as novas tecnologias oferecem ganhos significativos para a saúde pública, na medida em que “reduzem os riscos do tabaco” e contribuem para a diminuição de mortes prematuras por doenças não transmissíveis.
Abordagem pragmática
O Departamento de Saúde do Reino Unido atua desde o ano passado apoiado por um plano nacional que objetiva alcançar uma “geração livre de fumo”. Uma das metas é reduzir a prevalência do tabagismo entre adultos de 15,5% para 12% (ou menos) até 2022. Em paralelo, faz considerações sobre os cigarros eletrônicos. De acordo com o órgão, a melhor coisa que um fumante pode fazer pela sua saúde é parar de fumar. No entanto, diz o documento, há evidências cada vez mais claras de que os cigarros eletrônicos são significativamente menos prejudiciais à saúde do que o produto tradicional.
Japão, Alemanha e Canadá ampliam as discussões sobre as alternativas já existentes para reduzir os males do tabagismo. O posicionamento desses países é pragmático: considera que, mesmo tendo plena consciência dos danos causados pelo hábito de fumar cigarros, muitos ainda continuarão fumando. Para esses adultos fumantes, não podem ser negadas alternativas.
“Temos dialogado abertamente com a sociedade, órgãos reguladores e comunidade médica sobre a ciência e o papel dessas novas tecnologias que podem reduzir os danos à saúde causados pelos cigarros. Homens e mulheres adultos que continuarão fumando, por qualquer razão que seja, têm direito de ter informações e acesso a elas. Postergar essa discussão acaba indiretamente protegendo o mercado de cigarros e deixando sem alternativas as pessoas que não conseguem ou não querem parar de fumar”, afirma Fernando Vieira, diretor de Assuntos Corporativos da Philip Morris do Brasil.