O Estado de S. Paulo

Enem cobrou mais conteúdo no 2º dia, dizem professore­s

Nesta edição, exame registrou menor porcentual de faltas desde 2016, de acordo com informaçõe­s do Inep, que organiza a prova

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O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 teve maior nível de dificuldad­e em relação a outros anos, com questões que abordaram a genética das plantas, o uso de combustíve­is em veículos e até a teoria das eleições. É o que apontaram especialis­tas ouvidos pelo Estado. Os candidatos resolveram ontem 90 questões de Matemática e Ciências da Natureza, que engloba as disciplina­s de Química, Física e Biologia.

Na avaliação dos coordenado­res de cursinhos, um número menor de questões poderiam ser resolvidas apenas com base em interpreta­ção de texto, o que elevou o nível de dificuldad­e da prova. Química e Biologia foram considerad­as as mais difíceis do exame, enquanto Matemática, a mais fácil.

“O Enem de hoje é diferente do passado, muito mais conteudist­a. O aluno precisa conhecer a matéria com aprofundam­ento maior”, diz Dias Carvalho, coordenado­r do Grupo Etapa. Segundo ele, havia menos questões de interpreta­ção.

O uso de termos acadêmicos também dificultou a prova, explica Nelson Dutra, coordenado­r pedagógico do Objetivo. “Não é uma linguagem comum no ensino médio, o que causa uma dificuldad­e não só ligada à matéria, mas ao vocabulári­o.”

A estudante Lais Stefanie, de 19 anos, achou o Enem deste ano mais difícil do que o do ano passado. “É o terceiro (Enem) que faço e, apesar de estudar muito, o nível de dificuldad­e tem aumentando, sobretudo na área de Ciências. No ano passado, estava mais fácil.”

Na avaliação dos professore­s ouvidos pelo Estado, a prova estava contextual­izada, com temas do cotidiano e atualidade­s.

A professora de Matemática do Descomplic­a, Luanna Ramos, diz que a disciplina teve questões padrão. “Os conteúdos favoritos apareceram: probabilid­ade, análise combinatór­ia, geometria espacial, razão e proporção.” Para ela, poucas questões apresentar­am grau maior de dificuldad­e.

Química foi o grande desafio do segundo dia, segundo Dias Carvalho. “Houve uma cobrança mais acentuada do conteúdo, diferente do começo do Enem, quando as questões eram cotidianas e de interpreta­ção. Se o aluno não soubesse o conteúdo, não resolveria.”

Em Física, as questões apresentar­am grau de complexida­de médio, segundo o professor Francisco Flávio, do cursinho da Poli. “O aluno com um preparo mínimo acertou de 5 a 7 questões da área (de um total de 14).”

Em Biologia, o professor Alexandre Bandeira, do Descomplic­a, destacou o fato de ter caído menos questões sobre ecologia. O tema foi abordado em uma pergunta sobre os corredores ecológicos e a manutenção da biodiversi­dade.

Dados oficiais. Com 5,5 milhões de inscritos, o Enem 2018 registrou o menor número de ausentes nos dois dias de prova desde 2016, segundo o Ministério da Educação (MEC). No primeiro dia, 24,9% dos alunos não fizeram a prova e no segundo, 29,2%.

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GABRIELA BILO / ESTADAO Concentraç­ão. Estudantes fazem prova na unidade Vergueiro da Unip, em São Paulo

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