O Estado de S. Paulo

União de forças criativas

Associação entre produtores de musicais vai trazer ‘Pippin’ a SP e levar ‘Wicked’ ao Rio

- Ubiratan Brasil

A fumaça branca foi liberada em agosto, com o esperado anúncio da parceria entre a T4F, gigante do entretenim­ento, e a Möeller & Botelho, a maior companhia independen­te de produção de musicais do Brasil. Celebrada a união, chegam agora os frutos: logo no início de 2019, em janeiro ou março, o espetáculo Pippin, na vigorosa versão assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho, vem do Rio para São Paulo, em teatro ainda a ser definido. E, na direção oposta, no segundo semestre de 2019 (ou mesmo no início de 2020), um dos maiores sucessos da T4F, Wicked, chegará à capital fluminense, na Cidade das Artes. “Com isso, pretendemo­s descentral­izar nossas produções, hoje estabeleci­das apenas em São Paulo”, comenta Fernando Alterio, fundador e presidente da T4F.

A união das duas empresas representa a soma de experiênci­as distintas, mas que se completam. “Enquanto somos especializ­ados em produções que têm nossa assinatura, ou seja, não são réplicas dos originais americanos ou ingleses, a T4F firmouse ao montar musicais grandiosos que reproduzem em detalhes espetáculo­s da Broadway e West End londrino”, comenta Möeller que, ao lado de Botelho, já produziu 43 projetos desde os anos 1990, entre eles, clássicos como Hair, Company, O Mágico de Oz e A Noviça Rebelde. Já a T4F fincou o marco zero da nova fase da Broadway no Brasil em 2001, com a estreia de Les Misérables, seguida de outros sucessos como A Bela e a Fera, Chicago e O Fantasma da Ópera, cuja nova versão está em cartaz e deverá continuar ao longo de 2019.

“No começo, praticamen­te tudo vinha do exterior (cenários e equipe criativa), pois não tínhamos ainda tantos técnicos especializ­ados, como hoje”, relembra Alterio, que brinca: “Até mesmo o elenco era quase catado na rua, de tão pequena que era a quantidade de profission­ais realmente capacitado­s.” Assim, ao longo desses 17 anos, a empresa se especializ­ou nas réplicas, utilizando o conhecimen­to que vinha com os estrangeir­os para fomentar a formação de profission­ais brasileiro­s, como os produtores Renata Alvim e José Vinicius Toro, que hoje cuidam do essencial toque nacional. “Com esse know how garantido, senti a necessidad­e de ter parceiros com sólida experiênci­a na criação original de musicais”, diz Alterio.

Foi quando selou a parceria com Claudio Botelho e Charles Möeller, um contrato inicial de dois anos. Nesse período, eles adequaram as produções que já tinham em mente ao esquema de trabalho da T4F. Assim, no segundo semestre de 2019, deve estrear o musical O Jovem Frankenste­in, com letras e músicas do célebre humorista Mel Brooks. “Estamos tratando diretament­e com ele a versão brasileira”, conta Botelho, especializ­ado nas transposiç­ões para o português. Seus trabalhos são tão certeiros, aliás, que já contou com a aprovação dos autores originais, lendas como Stephen Sondheim (que viu Company no Rio, em 2001) e Stephen Schwartz, que não só aprovou a recente montagem de Pippin que viu em outubro na capital carioca, como autorizou o corte de alguns minutos do original. “Ele ainda voltará ao Brasil, para acompanhar os últimos quatro ensaios antes da estreia em São Paulo”, revela Botelho.

A dupla continuará com projetos previament­e acertados (como a montagem de Caroussel, em 2020, ao lado da produtora Renata Borges), assim como participar­á das grandes produções da T4F, como a quase certa vinda de Mary Poppins, também em 2020. “Produções que comprovam a vitalidade de um gênero que só sobrevive graças às leis de incentivo”, diz Alterio, aguardando a movimentaç­ão do novo governo sobre a Lei Rouanet, que permitiu a captação de recursos para O Fantasma (R$ 11 milhões) e Pippin (R$ 3,3 milhões). “Produções que mantêm centenas de pessoas empregadas pela CLT.”

Tantas produções em cartaz comprovam a vitalidade de um gênero que só sobrevive graças às leis de incentivo” Fernando Alterio PRESIDENTE DA T4F

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Time. Claudio Botelho (E), Fernando Alterio e Charles Möeller

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