Novidades para alunos de MBA a distância
Conteúdo lúdico, conceito de sala investida e monitor para motivar a turma estão entre as apostas
Há alguns anos, o mercado de trabalho não levava a sério um MBA online, já que ensino a distância (EAD) em pós-graduação era sinônimo de educação de má qualidade e o curso deve incluir a oportunidade de fazer networking. Hoje, o cenário começa a mudar graças a novidades que as instituições implementam na modalidade.
O conceito de sala invertida é uma das possibilidades adotadas para o EAD no MBA. Nele, a parte teórica é abordada no ambiente virtual e, em aula, os estudantes chegam com as dúvidas e fazem a parte prática. A metodologia faz parte do que especialistas chamam de “blended learning”, uma estratégia de aprendizado que mistura o mundo online e offline, o conteúdo da tela do seu celular com o mundo real.
Para o pró-reitor de Educação Continuada da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Tatsuo Iwata, o formato de blended learning, faz os professores deixarem de pensar a sala de aula como um espaço físico, mas não é tão novidade assim, pois nós já vivemos nesse espaço híbrido ao usar o celular para complementar os estudos. A diferença é que isso vai ser incentivado e estruturado pela própria instituição. “O ambiente híbrido vai ser da educação, e a gente vai deixar de falar de ensino online ou presencial”, diz Iwata.
O diretor acadêmico da plataforma online da Fiap, Leandro Rubim, afirma que a valorização do EAD e a inversão do preconceito contra a modalidade ocorreram por causa da popularização da internet e do celular. Entre os motivos estão o longo tempo que as pessoas passam no smartphone e o aumento do home office. Mudar a perspectiva sobre os estudos é um movimento natural, diz. “Isso muda a forma com que as pessoas veem (o EAD)”.
“As empresas tinham preconceito contra uma pessoa formada no (MBA) online porque o EAD era mais básico. Era uma leitura de um PDF. E tudo isso foi mudando justamente pelo (mundo) digital”, conta Rubim. “O conteúdo está mais lúdico, completo.”
Perfil. Os alunos que fazem a modalidade online tendem a ser mais esforçados, proativos, organizados e ambiciosos, de acordo com coordenadores de cursos a distância. E, sim, os recrutadores estão de olho nisso. “Quem vai fazer um curso online já sabe que tem de ter disciplina”, afirma Rubim. O coordenador se refere à rotina de estudos que o EAD impõe. Não precisa ter dia e horário fixos, como em um curso presencial, mas precisa virar hábito. Por isso o estudante do online precisa ter o que Rubim chama de “uma força de vontade maior”.
Para evitar desestímulos e não deixar que os alunos se percam em meio à rotina, Iwata conta que a ESPM oferece um monitor dedicado para incentivar cada turma, independentemente da disciplina. Além de supervisionar os estudantes e lembrá-los de tarefas e outras obrigações, o monitor tem a função de manter a turma aquecida para as aulas. “É uma espécie de elo da turma com a
{{ O ambiente híbrido vai ser da educação, e a gente vai deixar de falar de online ou presencial Tatsuo Iwata,
pró-reitor de Educação Continuada da ESPM
coordenação”, explica.
Seja no blended learning, seja no 100% digital, o maior revés do MBA EAD é o principal fator que leva muitos executivos a um MBA: o networking. Existem soluções virtuais, como programas para comunicação (WhatsApp e Skype) e a pla-
taforma de colaboração em equipe Slack. Rubim é otimista: esses aplicativos permitem que um estudante de São Paulo converse com outro de Natal, algo que antes ocorria somente regionalmente. “É uma oportunidade de conhecer culturas e experiências”, diz. “O público do online enxerga a diversidade como atrativa.”
Certificação. Para os que resistem à ideia de um curso de digital por medo do que o mercado de trabalho pode achar de uma especialização a distância, vale ressaltar que o certificado não traz distinção entre uma forma de curso ou outra. É determinado legalmente que apareçam só os nomes do estudante e da instituição de ensino. “O mercado se importa cada vez menos. A cultura da educação ainda tem um resquício de preconceito, mas isso diminui por causa das instituições sérias que vão para o EAD”, diz Iwata.
Para montar um curso desse tipo, além de professores e pedagogos, as faculdades precisam de roteiristas, diretores de vídeo, programadores, técnicos de estúdio e diversos outros profissionais envolvidos para oferecer qualidade de acesso, filmagem e som. No Fiap ON, Rubim conta que apenas em 2018 foram gravados mais de 17 mil vídeos e criadas 30 mil páginas de conteúdo com 300 funcionários dedicados a manter a plataforma.
Outra novidade é trazer para aulas uma celebridade da área do curso. Sem compromisso semanal ou mensal como na docência, um nome reconhecido no mercado grava uma série de vídeos e consegue passar seu conhecimento adiante, mesmo sem estar ao vivo com os alunos. “Você atinge todo um público que jamais estaria ali presencialmente. Você leva experiências a profissionais e isso já foi percebido pelas pessoas e pelas empresas”, afirma Rubim. “Isso não faz mais diferença (se EAD
ou não). O que importa é o conhecimento.”