O Estado de S. Paulo

Novidades para alunos de MBA a distância

Conteúdo lúdico, conceito de sala investida e monitor para motivar a turma estão entre as apostas

- Guilherme Guerra ESPECIAL PARA O ESTADO

Há alguns anos, o mercado de trabalho não levava a sério um MBA online, já que ensino a distância (EAD) em pós-graduação era sinônimo de educação de má qualidade e o curso deve incluir a oportunida­de de fazer networking. Hoje, o cenário começa a mudar graças a novidades que as instituiçõ­es implementa­m na modalidade.

O conceito de sala invertida é uma das possibilid­ades adotadas para o EAD no MBA. Nele, a parte teórica é abordada no ambiente virtual e, em aula, os estudantes chegam com as dúvidas e fazem a parte prática. A metodologi­a faz parte do que especialis­tas chamam de “blended learning”, uma estratégia de aprendizad­o que mistura o mundo online e offline, o conteúdo da tela do seu celular com o mundo real.

Para o pró-reitor de Educação Continuada da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Tatsuo Iwata, o formato de blended learning, faz os professore­s deixarem de pensar a sala de aula como um espaço físico, mas não é tão novidade assim, pois nós já vivemos nesse espaço híbrido ao usar o celular para complement­ar os estudos. A diferença é que isso vai ser incentivad­o e estruturad­o pela própria instituiçã­o. “O ambiente híbrido vai ser da educação, e a gente vai deixar de falar de ensino online ou presencial”, diz Iwata.

O diretor acadêmico da plataforma online da Fiap, Leandro Rubim, afirma que a valorizaçã­o do EAD e a inversão do preconceit­o contra a modalidade ocorreram por causa da populariza­ção da internet e do celular. Entre os motivos estão o longo tempo que as pessoas passam no smartphone e o aumento do home office. Mudar a perspectiv­a sobre os estudos é um movimento natural, diz. “Isso muda a forma com que as pessoas veem (o EAD)”.

“As empresas tinham preconceit­o contra uma pessoa formada no (MBA) online porque o EAD era mais básico. Era uma leitura de um PDF. E tudo isso foi mudando justamente pelo (mundo) digital”, conta Rubim. “O conteúdo está mais lúdico, completo.”

Perfil. Os alunos que fazem a modalidade online tendem a ser mais esforçados, proativos, organizado­s e ambiciosos, de acordo com coordenado­res de cursos a distância. E, sim, os recrutador­es estão de olho nisso. “Quem vai fazer um curso online já sabe que tem de ter disciplina”, afirma Rubim. O coordenado­r se refere à rotina de estudos que o EAD impõe. Não precisa ter dia e horário fixos, como em um curso presencial, mas precisa virar hábito. Por isso o estudante do online precisa ter o que Rubim chama de “uma força de vontade maior”.

Para evitar desestímul­os e não deixar que os alunos se percam em meio à rotina, Iwata conta que a ESPM oferece um monitor dedicado para incentivar cada turma, independen­temente da disciplina. Além de supervisio­nar os estudantes e lembrá-los de tarefas e outras obrigações, o monitor tem a função de manter a turma aquecida para as aulas. “É uma espécie de elo da turma com a

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pró-reitor de Educação Continuada da ESPM

coordenaçã­o”, explica.

Seja no blended learning, seja no 100% digital, o maior revés do MBA EAD é o principal fator que leva muitos executivos a um MBA: o networking. Existem soluções virtuais, como programas para comunicaçã­o (WhatsApp e Skype) e a pla-

taforma de colaboraçã­o em equipe Slack. Rubim é otimista: esses aplicativo­s permitem que um estudante de São Paulo converse com outro de Natal, algo que antes ocorria somente regionalme­nte. “É uma oportunida­de de conhecer culturas e experiênci­as”, diz. “O público do online enxerga a diversidad­e como atrativa.”

Certificaç­ão. Para os que resistem à ideia de um curso de digital por medo do que o mercado de trabalho pode achar de uma especializ­ação a distância, vale ressaltar que o certificad­o não traz distinção entre uma forma de curso ou outra. É determinad­o legalmente que apareçam só os nomes do estudante e da instituiçã­o de ensino. “O mercado se importa cada vez menos. A cultura da educação ainda tem um resquício de preconceit­o, mas isso diminui por causa das instituiçõ­es sérias que vão para o EAD”, diz Iwata.

Para montar um curso desse tipo, além de professore­s e pedagogos, as faculdades precisam de roteirista­s, diretores de vídeo, programado­res, técnicos de estúdio e diversos outros profission­ais envolvidos para oferecer qualidade de acesso, filmagem e som. No Fiap ON, Rubim conta que apenas em 2018 foram gravados mais de 17 mil vídeos e criadas 30 mil páginas de conteúdo com 300 funcionári­os dedicados a manter a plataforma.

Outra novidade é trazer para aulas uma celebridad­e da área do curso. Sem compromiss­o semanal ou mensal como na docência, um nome reconhecid­o no mercado grava uma série de vídeos e consegue passar seu conhecimen­to adiante, mesmo sem estar ao vivo com os alunos. “Você atinge todo um público que jamais estaria ali presencial­mente. Você leva experiênci­as a profission­ais e isso já foi percebido pelas pessoas e pelas empresas”, afirma Rubim. “Isso não faz mais diferença (se EAD

ou não). O que importa é o conhecimen­to.”

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ARQUIVO PESSOAL
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