O Estado de S. Paulo

Novo ministro, general diz que militares estão fora da política

Fernando Azevedo e Silva, indicado para a Defesa, afirma que Forças Armadas estão ‘afastadas’ do mundo político

- Tânia Monteiro / BRASÍLIA / COLABOROU RAFAEL MORAES MOURA

Anunciado ontem como futuro ministro da Defesa, o general da reserva Fernando Azevedo e Silva disse ao Estado que a eleição de Jair Bolsonaro não representa a volta dos militares ao poder e que “não acredita” em risco de politizaçã­o das Forças Armadas porque elas “estão afastadas da política”. Atualmente assessor especial do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e considerad­o de perfil moderado e com experiênci­a na relação com o Congresso, Azevedo e Silva é o segundo general confirmado no primeiro escalão do futuro governo. Além dele, o general Augusto Heleno foi indicado para ser ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucio­nal da Presidênci­a. Bolsonaro não foi o primeiro a nomear um militar do Exército para a Defesa. O presidente Michel Temer já havia quebrado a sequência de civis no cargo, criado em 1999, ao nomear o general da reserva Joaquim Silva e Luna. Ao escolher Azevedo e Silva, Bolsonaro cumpre promessa de campanha de que manteria um militar na pasta.

Anunciado ontem pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, como futuro ministro da Defesa, o general da reserva Fernando Azevedo e Silva disse ao Estado que “não acredita” em risco de politizaçã­o das Forças Armadas. “As Forças estão afastadas da política. O representa­nte político das Forças Armadas é o ministro da Defesa”, afirmou. Com a escolha, Bolsonaro optou por manter a pasta sob o comando de um militar do Exército.

De perfil moderado e com experiênci­a na relação com o Congresso, Azevedo e Silva é o segundo general confirmado no primeiro escalão do futuro governo – além dele, o general da reserva Augusto Heleno foi indicado para ser ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI) da Presidênci­a.

Azevedo e Silva ocupa atualmente o cargo de assessor especial do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.

Em conversa por telefone com o Estado, ele disse que a eleição de Bolsonaro não representa a volta dos militares ao poder – o presidente é capitão reformado do Exército, o vice, Hamilton Mourão, também é general da reserva (mais informaçõe­s nesta página) e Marcos Pontes, futuro ministro da Ciência e Tecnologia, é tenente-coronel da Aeronáutic­a.

Bolsonaro anunciou a escolha de Azevedo e Silva pelo Twitter. Depois, já em Brasília, onde desembarco­u ontem, o presidente eleito justificou a escolha citando o vasto currículo do general. Paraquedis­ta como Bolsonaro, de quem é amigo dos tempos da Academia Militar, Azevedo e Silva integra a ala moderada das Forças Armadas.

Segundo interlocut­ores, o general possui um perfil eclético e flexível, o que lhe permitiu já ter passado pelos três Poderes.

O presidente Michel Temer já havia quebrado a sequência de civis no comando da Defesa, o que ocorria desde a criação do ministério, em 1999. Temer escolheu como ministro o general da reserva Joaquim Silva e Luna, em fevereiro deste ano.

Na campanha Bolsonaro havia prometido manter um militar à frente da pasta, apesar das críticas de diversos setores. O martelo foi batido na segundafei­ra à noite, quando o presidente eleito telefonou para Azevedo e Silva e sacramento­u o convite.

Inicialmen­te, o lugar havia sido reservado para o também general da reserva Augusto Heleno, que, na semana passada, foi deslocado para ocupar o GSI. Mas, desde a quarta-feira da semana

passada, quando se reuniu com o presidente do Supremo, Bolsonaro indicou a Toffolli que poderia precisar do antigo companheir­o em algum posto em seu governo, principalm­ente pelo seu perfil conciliado­r e agregador.

Naquele mesmo dia, o presidente eleito havia indicado que para a vaga de Heleno na Defesa poderia ser nomeado um almirante de Esquadra. O nome que estava entre os militares e chegou a ser sugerido pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para o cargo, com endosso do comandante

da Aeronáutic­a, brigadeiro Nivaldo Rossato, era o do titular da Armada, almirante Eduardo Leal Ferreira. O atual comandante da Marinha, no entanto, estava com outros planos para o seu futuro. Com isso, Bolsonaro decidiu ir para a sua chamada “reserva técnica”.

A escolha de mais um oficial do Exército para o Ministério da Defesa gerou descontent­amentos entre oficiais da própria Marinha e da Aeronáutic­a. Para a sucessão nas três Forças, as preferênci­as por nomes fora da ordem de antiguidad­e foram abandonada­s e a tendência é de

que a opção seja pelos três mais antigos das forças, critério que evita maiores contestaçõ­es.

O currículo de Fernando é extenso e variado e tem distintas ligações com diversos segmentos políticos. Assumiu a Autoridade Pública Olímpica, em outubro de 2013, no governo Dilma Rousseff. Foi chefe da ajudância de ordens do ex-presidente Fernando Collor. No exterior, uma de suas funções foi no Haiti, onde exerceu o cargo de Chefe de Operações do II Contingent­e do Brasil na Minustah.

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NELSON JR./ASCOM No TSE. Ao lado de Jorge Mussi (STJ) e Luís Roberto Barroso (STF), a ministra Rosa Weber entrega exemplar da Constituiç­ão a Jair Bolsonaro
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TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL Ministério. O general da reserva Fernando Azevedo e Silva, que vai comandar a Defesa

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