Bolsonaro quer cortar 30% dos cargos em bancos federais
Presidente eleito admite ‘pente-fino’ e diz que vai diminuir tamanho das instituições federais
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou ontem que deve cortar “no mínimo” 30% dos cargos comissionados nos bancos federais, após fazer um pente-fino nas instituições. “Pretendemos diminuir e colocar gente comprometida com outros valores lá dentro”, disse. A meta é demitir não concursados e trocar funcionários indicados nas gestões do PT e do MDB.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que pretende cortar “no mínimo” 30% dos cargos comissionados nos bancos federais e confirmou que sua equipe prepara um “pente-fino”, como mostrou reportagem do Estado publicada ontem, para mapear indicações partidárias no Banco do Brasil (BB), no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Banco do Nordeste (BNB) e no Banco da Amazônia (BASA).
“Pretendemos diminuir (o número de cargos) e colocar gente comprometida com outros valores lá dentro”, afirmou Bolsonaro ontem durante visita ao Superior Tribunal Militar (STM). Ao ser questionado sobre o “cabide” de empregos nos bancos federais e autarquias, Bolsonaro afirmou que a equipe do economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, vai “rever” as estruturas das instituições. “Vamos diminuir isso aí”, afirmou. O presidente eleito disse “concordar” que há um “exagero” no número de comissionados – que, em alguns casos, têm indicações políticas – e citou ainda o quadro de funcionários dos ministérios.
Na entrevista, Bolsonaro voltou a destacar que pretende dar transparência às operações do BNDES, uma bandeira de campanha – o banco será comandado pelo ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff Joaquim Levy.
A reportagem do Estado mostrou que na Caixa Econômica os 12 vice-presidentes recebem salários mensais superiores a R$ 50 mil, fora gratificações. Já no Banco do Brasil, os nove vice-presidentes recebem R$ 61,5 mil por mês. Na instituição, há 1.048 cargos executivos com salários a partir de R$ 24 mil.
Ministérios. Bolsonaro também indicou que o destino do Ministério do Trabalho não deve ser junto da Fazenda. No entanto, o presidente eleito disse que a pasta continuaria com “status” de ministério. “Não vai ser secretaria, não”, disse. O número final de ministérios, segundo ele, deve ser 17 ou 18.
Também ontem, em visita marcada por empurra-empurra ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), Bolsonaro afirmou que pode anunciar os futuros ministros do Meio Ambiente e de Relações Exteriores hoje. Ele compareceu no início da tarde ao tribunal para se reunir com o presidente da Corte, ministro Brito Pereira. “É possível acontecer até amanhã (hoje). Está madura esta questão. Queremos alguém do quadro do Itamaraty”, disse, sobre o futuro chanceler. Questionado se o novo titular seria um homem ou uma mulher, Bolsonaro respondeu: “Pode ser gay também”.
Saúde. Cotado para assumir o Ministério da Saúde, o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) confirmou que recebeu o convite para o cargo e disse que “nasceu pronto para trabalhar”. Ao Estado, o deputado, que não concorreu à reeleição, afirmou que ter conversado com Bolsonaro duas vezes.
A última foi anteontem, no Rio, para afinar como seria a gestão da pasta e também esclarecer sobre um inquérito que tramita contra Mandetta da época em que era secretário da Saúde de Campo Grande (MS). Ele nega irregularidades no caso.
Médico ortopedista infantil, Mandetta tem apoio da Frente Parlamentar de Saúde da Câmara, que reúne mais de 100 parlamentares. “Estamos vivendo o pior cenário, em que não temos uma rede bem estruturada para média e alta complexidade e temos um caos na atenção básica, que é onde deveria acontecer a prevenção”, disse. /COLABOROU MARIANA HAUBERT