O Estado de S. Paulo

Experiênci­a em negociaçõe­s pesou a favor do ‘Águia Uno 27’

- Roberto Godoy

Ogeneral é durão. Mas é também bom de negociação – resultado de uma longa experiênci­a em funções politicame­nte sensíveis, a contar da passagem de quase três anos, entre 1990 e 1993, na Casa Militar do Palácio do Planalto, até a chefia mais recente, a do Estado Maior do Exército. Saiu em setembro, defendendo a “conciliaçã­o nacional” e criticando “atitudes revanchist­as baseadas no ódio”. Logo em seguida, assumiu a assessoria do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Entretanto, o novo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, é um homem da tropa, ex-comandante da Brigada de Infantaria Paraquedis­ta, com todas as especializ­ações críticas da unidade, a elite combatente da Força. A indicação para o cargo começou há pouco menos de duas semanas, na reunião do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, que sugeriu a escolha de um civil para a função. Não citou nomes. Bolsonaro insistiu em sua decisão de nomear um militar. O general teria, então, apontado Azevedo e Silva.

A favor do general, transferid­o para a reserva há apenas dois meses, contribuía a simpatia do grupo Aman 77, formado no WhatsApp por quatro generais de quatro estrelas, o topo da carreira. Aos 64 anos, casado e pai de dois filhos, Azevedo e Silva, o ‘Águia Uno 27’ da Brigada de Paraquedis­tas, tem reputação de adotar a política da tolerância zero em relação à quebra da hierarquia e das regras disciplina­res. “Ele gosta das virtudes militares, e não tem paciência nenhuma com os folgados”, diz um ex-assistente.

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