MP aponta propina de R$ 7 mi a ex-chefe
Cláudio Lopes comandou o Ministério Público do Rio entre 2009 e 2012, período em que passou a receber R$ 150 mil por mês, segundo investigadores
O Ministério Público do Rio afirmou em denúncia que o ex-procurador-geral de Justiça do Estado Cláudio Lopes recebeu R$ 7,2 milhões – valores atualizados – em propina entre 2009 e 2012, período em que comandou a instituição. Cláudio Lopes foi preso na semana passada por ordem do Tribunal de Justiça do Rio.
Além de Lopes, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), o ex-secretário de governo Wilson Carlos e o operador Sérgio de Castro Oliveira, conhecido como ‘Serjão’, foram denunciados em outubro passado pelo procurador-geral de Justiça em exercício, Ricardo Ribeiro Martins.
Cabral – que está preso desde novembro de 2016 e condenado a 183 anos de reclusão –, Wilson Carlos e Serjão são acusados de corrupção ativa. Já Lopes foi denunciado pelos crimes de associação criminosa, corrupção passiva e quebra de sigilo funcional.
“O denunciado Cláudio Lopes, recém-ingresso na quadrilha, foi nomeado procurador-geral de Justiça pelo denunciado e líder da súcia, Sérgio Cabral, no início de janeiro de 2009 e, a partir de março do mesmo ano, passou a receber a indevida quantia mensal de R$ 150 mil, o que perdurou até o término de seu segundo mandato à frente do Parquet estadual, em dezembro de 2012”, afirmou o MP.
Segundo a denúncia, “a quantia ilícita era cuidadosamente separada por Carlos Miranda em maços de R$ 10 mil, com notas de R$ 100 ou R$ 50, acondicionados em envelopes azuis e pardos”. “Os envelopes eram entregues ao denunciado Sérgio de Castro, vulgo ‘Serjão’, o qual tinha a incumbência de transportar a propina ao denunciado Wilson Carlos, operador administrativo da quadrilha e responsável pela entrega da propina ao denunciado Cláudio Lopes, que a recebia inicialmente no Palácio Guanabara e, em um segundo momento, para não chamar atenção, no Palácio Laranjeiras”, diz o texto.
Em depoimento aos investigadores, Serjão relatou que Wilson Carlos “reclamava de ter que acordar cedo só para ir ao Palácio Laranjeiras entregar o dinheiro ao Cláudio Lopes”. O local é a residência oficial do chefe do Executivo fluminense. De acordo com Serjão, os encontros entre Wilson Carlos e Cláudio Lopes “duravam, no máximo, 20 minutos”.
Palácio. Segundo o Ministério Público do Rio, um motorista que trabalhou para Cláudio Lopes “durante uma década” confirmou, também em depoimento aos investigadores, que os encontros no Laranjeiras duravam “não mais do que 15 minutos”. Para o procurador-geral de Justiça, Ricardo Ribeiro Martins, o “período é absolutamente compatível com quem apenas se encontra para entregar e receber propina e não para tratar de assuntos institucionais”.
“Ia no mínimo uma vez por mês, tanto no Palácio Guanabara, com no Laranjeiras; que normalmente o Dr. Cláudio Lopes andava com uma maleta de couro; que ele tem o costume de andar com essa maleta; (…) que as visitas no Palácio Laranjeiras eram rápidas e duravam no máximo de 15 minutos; que também era assim no Palácio Guanabara”, informa o depoimento do motorista.
A reportagem tentou entrar em contato com ontem com a defesa de Claudio Lopes, sem sucesso.