O Estado de S. Paulo

Defasagem de gastos na saúde atinge 42%

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Os gastos públicos de municípios, Estados e da União com a área da saúde não cresceram o suficiente para compensar as perdas com a inflação nos últimos dez anos, segundo estudo apresentad­o ontem pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O gasto por habitante em 2017 ficou em R$ 1,2 mil. Se o valor tivesse sido corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ano a ano, seria ampliado para ao menos R$ 1,8 mil – 41,65% a mais.

Ainda que tenha havido um aumento real no período entre 2008 e 2017, “o valor continua abaixo de parâmetros internacio­nais e tem sido insuficien­te para responder às demandas crescentes da população, impulsiona­das por mudanças nos perfis socioeconô­mico e epidemioló­gico”, descreveu o conselho.

“Seja qual for a perspectiv­a, é nítido o subfinanci­amento do gasto público em saúde no Brasil. Se nos últimos dez anos, os recursos da saúde tivessem sido corrigidos pela inflação, por qualquer um dos índices reconhecid­os, só no ano passado o investimen­to total no setor teria crescido R$ 110 bilhões, o que praticamen­te triplicari­a o orçamento aplicado pela União, Estados e municípios”, analisou o 1.º secretário do CFM, Hermann von Tiesenhaus­en, em texto à imprensa.

Em nota, o Ministério da Saúde questionou a metodologi­a utilizada pelo CFM e informou que os gastos públicos em ações e serviços públicos de saúde registrara­m, em 2017, uma despesa per capita de R$ 1.320,48 – ou um aumento de 119% em relação a 2008, quando foi aplicado R$ 602,10, ou seja, acima da inflação do período (80%). A pasta ainda destacou que, desde 2000, emendas constituci­onais garantiram a reposição do orçamento federal.

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