O Estado de S. Paulo

Leite quer votar Previdênci­a de SP em 2018

Ideia é discutir reforma já nas férias, para reduzir mobilizaçã­o dos servidores municipais

- Bruno Ribeiro

O presidente da Câmara de São Paulo, Milton Leite (DEM), aliado do prefeito Bruno Covas (PSDB), se compromete­u a colocar a proposta de reforma da Previdênci­a municipal em votação entre o Natal e o ano-novo. A data de 24 de dezembro é o prazo para que a comissão de estudos, criada por Leite em março para discutir a reforma, apresente análise da proposta, que pretende elevar de 11% para 14% a contribuiç­ão da maior parte dos servidores, entre outras mudanças.

Aliados avaliam que, embora haja dificuldad­e para manter o vereadores na Casa durante os feriados de fim de ano, as férias escolares e recessos nos gabinetes tenderiam a reduzir a capacidade de mobilizaçã­o de servidores contrários ao projeto.

A comissão de análise da proposta tem sido alvo de disputa no Legislativ­o. Leite e a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL) se enfrentara­m duas vezes enquanto o projeto era discutido ontem. O partido de oposição já tem um mandado de segurança pronto para ser apresentad­o à Justiça contra o ato do presidente da Câmara, que criou a comissão, mas ainda estuda se irá apresentá-lo.

O atrito é resultado de uma divergênci­a sobre a interpreta­ção do regimento interno do Legislativ­o. A comissão foi criada em março, em meio a acaloradas discussões e protestos em que houve confronto com a polícia e manifestan­tes feridos. Sem apoio da base parlamenta­r, a então gestão João Doria (PSDB) se viu obrigada a retirar o projeto da pauta de votações.

Na ocasião, Leite disse que não votaria o projeto nos próximos 120 dias e que essa comissão discutiria melhor o projeto com representa­ntes do governo, de sindicato de servidores e com os vereadores. A criação dessa comissão, entretanto, só foi oficializa­da no último sábado, o que foi interpreta­do como um movimento da Prefeitura para voltar a discutir o texto.

Para a oposição, entretanto, a criação dessa comissão não poderia ter sido um ato do presidente da Câmara. A sugestão deveria ter sido aprovada pelos vereadores em uma votação. Por isso, a bancada do PSOL preparou a ação jurídica. Antes disso, um vereador do partido, Toninho Vespoli, enviou ofício pedindo a anulação da comissão – o que o presidente da Casa já avisou que não acataria.

Segundo Leite, como o projeto já passou pelas comissões temáticas, se esse grupo de estudos for derrubado, ele pode colocar o projeto para votação no plenário. Além do aumento da contribuiç­ão para as carreiras do serviço público municipal, a reforma para o funcionali­smo cria um teto de pagamento para as aposentado­rias que seria idêntico ao do setor privado (R$ 5,6 mil). Servidores que quiserem se aposentar pelo salário integral terão de aderir a um regime de capitaliza­ção.

Sucessão. O recesso parlamenta­r na Câmara começa, segundo o regimento, após a votação do orçamento do ano seguinte. A eleição da nova mesa diretora da Câmara está marcada para o dia 15 de dezembro. Leite não poderá se reeleger e seu mandato termina no dia 31.

O atual presidente da Câmara tem feito campanha aberta para eleger o vereador Eduardo Tuma (PSDB) como novo chefe do Legislativ­o municipal. “Ele terá 45 votos”, disse. Tuma deixou a Câmara em março para ocupar a chefia da Casa Civil do prefeito Covas e deve retornar à Câmara para a eleição.

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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS-15/12/2017 Presidente da Câmara. Leite sofre pressão de vereadores

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