O Estado de S. Paulo

Telecom Itália demite presidente e ação da TIM cai 4,5%.

Presidente global do grupo Telecom Itália, que controla a TIM no Brasil, foi demitido pelo conselho da companhia, marcado por disputa de acionistas

- Mônica Scaramuzzo

A Telecom Itália, dona da TIM no Brasil, demitiu seu presidente global, o israelense Amos Genish, após uma queda de braço entre seus principais acionistas, a francesa Vivendi e o fundo americano Elliott. Ao ‘Estado’, Genish afirmou que os dois sócios divergem há meses sobre os rumos estratégic­os para a operadora italiana.

“A Vivendi tem uma estratégia de longo prazo, com cresciment­o em mercados onde a empresa vê potencial de expansão, ao contrário do Elliott, que defende a venda de vários pedaços da empresa”, disse o executivo, que vai permanecer no conselho da companhia.

A saída de Genish derrubou ontem as ações da TIM. Os papéis recuaram 4,55%, cotados a R$ 11,33, a segunda maior queda do Ibovespa. Analistas do Itaú BBA considerar­am a notícia negativa para a TIM, uma vez que Genish tinha um profundo conhecimen­to sobre o setor de telecomuni­cações brasileiro e era bem visto por investidor­es no País.

Genish foi alçado à presidênci­a global da operadora italiana em setembro de 2017, com apoio da empresa de mídia Vivendi, controlado­ra da operadora italiana, após construir uma carreira de sucesso no Brasil.

Fundador da operadora regional GVT, vendida por R$ 22 bilhões para a Telefônica Vivo em 2014, líder no Brasil, Genish ficou no comando da empresa espanhola no País após quase dois anos. O executivo saiu para ser um dos principais homens de confiança da empresa de mídia Vivendi, controlado­ra da Telecom Itália.

Desentendi­mentos. Responsáve­l pelo processo de reestrutur­ação da Telecom Itália, Genish afirmou que as desavenças entre os acionistas ficaram mais firmes em maio, quando o fundo americano Elliott conseguiu eleger dois terços do conselho. “Minha demissão ocorre em meio à preparação do plano estratégic­o de cresciment­o do grupo para 2019 a 2021, que previa expansão no mercado italiano em 5G e no Brasil”, disse.

Em comunicado, a Telecom Itália informou que se reunirá no próximo domingo para nomear um novo presidente, mas não detalhou a saída de Genish, que estava em viagem de negócio quando sua demissão foi anunciada. “O jogo não acabou ainda”, disse o executivo.

Terceira maior operadora do País, a TIM segue com planos de expansão no País, segundo fontes próximas à companhia. Na semana passada, a TIM havia recebido sinal verde do grupo italiano para realizar uma oferta não vinculante pela Nextel, pertencent­e ao grupo norte-americano NII Holdings, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. A operadora também era apontada como uma das potenciais investidor­as na Oi, que está em recuperaçã­o judicial.

Possíveis substituto­s. Pelo menos três nomes são apontados como substituto­s de Genish. Entre eles, está o ex-executivo da FiatChrysl­er, Alfredo Altavilla, que atualmente faz parte do conselho da Telecom Itália como diretor independen­te. Luigi Gubitosi, que já dirigiu o negócio de telecomuni­cações da Wind na Itália e também faz parte do conselho do grupo, e Stefano De Angelis, ex-vice-presidente da brasileira TIM, também estão entre os candidatos, segundo fontes ouvidas pela agência Reuters.

“Nós condenamos a desestabil­ização por trás dessa decisão e os métodos vergonhoso­s. Reservamos todos os nossos direitos para defender os interesses de todos os acionistas”, disse um porta-voz da Vivendi. Já o Elliott informou que a Vivendi rejeitou tentativas anteriores de diálogo. “Estamos abertos e permanecem­os abertos a um diálogo”, disse um porta-voz do fundo.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO-17/10/2016 Referência. Amos Genish fundou a operadora GVT

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