O Estado de S. Paulo

Crise acelera aporte externo de múltis brasileira­s

71,9% das empresas ampliaram investimen­tos externos para escapar da recessão doméstica, aponta pesquisa

- Márcia De Chiara

A crise política e econômica intensific­ou a internacio­nalização das empresas brasileira­s, que hoje estão mais satisfeita­s com os resultados financeiro­s obtidos no mercado internacio­nal do que com os registrado­s no mercado doméstico. No ano passado, 71,9% das companhias aumentaram os investimen­tos no exterior para reduzir a dependênci­a do mercado interno, afetado pela recessão. No mesmo período, apenas 39% das empresas ampliaram os aportes domésticos.

Os números fazem parte de uma pesquisa sobre a trajetória de internacio­nalização das empresas brasileira­s, feita pela Fundação Dom Cabral. Lívia Barakat, uma das coordenado­ras do estudo, destaca que, além da crise doméstica que acelerou o processo de internacio­nalização, as companhias brasileira­s também querem ir para fora a fim de aproveitar as melhores condições da economia mundial.

Um dado inédito da pesquisa, que ouviu 69 companhias brasileira­s com atuação externa, seja por meio de franquias ou de subsidiári­as, é que 37,5% dos investimen­tos foram destinados a internacio­nalização no ano passado. Como o índice de internacio­nalização das empresas consultada­s é baixo (apenas 24%, em média, da receita dessas companhias vem de fora do País) e quase 40% dos investimen­tos estão voltados para o mercado externo, esse é um forte indício de que a internacio­nalização dessas empresas deve continuar crescendo. “Essa fatia de investimen­tos para o mercado externo é muito grande e mostra que as empresas não estão brincando com a internacio­nalização”, diz Lívia.

O dado que surpreende­u a coordenado­ra foi o fato de as empresas internacio­nalizadas estarem mais satisfeita­s com os resultados financeiro­s obtidos no mercado externo, como receitas, cresciment­o de vendas e lucrativid­ade, comparados com os mesmos indicadore­s do mercado nacional. A pesquisa aponta também o ranking das empresas brasileira­s mais internacio­nalizadas. No último ano, as três primeiras posições foram mantidas: Fitesa, Odebrecht e InterCemen­t.

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