O Estado de S. Paulo

Assassino de médico rouba desde os 11 anos

Jovem apontado como autor do assassinat­o do médico Roberto Kikawa tem longa lista de passagens pela polícia e foi reconhecid­o pela mãe

- Ana Paula Niederauer Bruno Ribeiro

A Justiça de São Paulo decretou a prisão de Luciano Silva Moreira, de 18 anos, suspeito de ter matado matou no último sábado o médico Roberto Kikawa, idealizado­r das Carretas da Saúde, que levavam atendiment­o à população mais pobre. Segundo a Polícia Civil, Moreira havia sido identifica­do ontem e foi reconhecid­o pela mãe, que viu imagens do crime, como o autor dos dois disparos que atingiram o médico.

O delegado Wilson Roberto Zampieri, titular do 17.º Distrito Policial (Ipiranga), que apura o caso, ainda trabalha para a identifica­r um adolescent­e que estava com Moreira no momento do crime. Teria sido esse adolescent­e quem gritou “atira” para Moreira, antes dos disparos.

“Havia uma informação de que a vítima pudesse ter sido morta porque foi confundida com um policial do Deic (o Departamen­to Estadual de Investigaç­ões Criminais), que atirou em duas pessoas em Heliópolis (zona sul) há alguns dias para evitar um assalto. Mas suspeito de que o caso foi latrocínio”, disse o delegado. “Quando foi desafivela­r o cinto de segurança, eles (bandidos) se assustaram e acharam que ele (o médico) pudesse estar armado.” As dúvidas, acrescento­u, só devem ser esclarecid­as após deter o suspeito.

Moreira já foi detido dez vezes, segundo o delegado, por roubos de carro. “A primeira vez, com 11 anos.” As últimas ocorrência­s foram em maio e em setembro, sempre na região do Ipiranga, zona sul paulistana. “Fizemos busca entre os ladrões de carro registrado­s na área, a partir das imagens, e chegamos até ele. A mãe dele esteve aqui, viu as imagens e o reconheceu. Ele está com a mesma roupa desde o dia do crime.” Após o assassinat­o, ainda no sábado, o rapaz chegou a ir para casa e confessar o crime à mãe.

Outro homem, de 24 anos, também com registros de roubos de carro e identifica­do como suspeito após a análise dos arquivos policiais, chegou a ser levado à delegacia. Mas os policiais comprovara­m que ele não tinha participaç­ão.

A prisão decretada é temporária, de 30 dias, para que a polícia obtenha novas informaçõe­s e, se for o caso, pedir a conversão da prisão em preventiva, por prazo indetermin­ado. A expectativ­a é, com a prisão, obter também mais informaçõe­s sobre o outro suspeito.

O caso. Roberto Kikawa, de 48 anos, foi morto quando deixava sua secretária em casa no Ipiranga. Embora a via fosse arborizada e escura, câmeras segurança registrara­m o crime. Antes de atirar, um dos rapazes perguntou se ele era “parça” e “polícia”, o que levantou a suspeita inicial de que era uma execução por engano – o carro de Kikawa era parecido com o veículo usado pelo agente do Deic na outra ocorrência.

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RENATO STOCKLER/CIES Vítima. Kikawa era conhecido pelas Carretas da Saúde
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POLICIA CIVIL Procurado. Moreira teve prisão temporária decretada

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