O Estado de S. Paulo

Facebook repassou dados de usuários

Rede social enviou documento ao Congresso americano confirmand­o o compartilh­amento de informaçõe­s de clientes com gigantes multinacio­nais

- AGÊNCIAS INTERNACIO­NAIS /

O Facebook admitiu ontem a autoridade­s dos Estados Unidos que compartilh­ou dados de seus usuários com fabricante­s de smartphone­s. Em um documento, a rede social assumiu que não fiscalizou o que era feito com essas informaçõe­s. O caso foi revelado pelo jornal ‘The New York Times’, que teve acesso a um comunicado enviado pelo Facebook ao Congresso americano no mês passado.

A pouca atenção na fiscalizaç­ão foi detectada pela própria rede social em 2013, durante uma auditoria feita pela PwC. A falha, porém, nunca foi comunicada aos usuários afetados, muitos dos quais não deram permissão para o compartilh­amento de dados com terceiros. O número de pessoas afetadas nesse caso não foi revelado.

A rede social afirma que, no começo de 2013, estabelece­u parcerias com sete fabricante­s para que essas empresas tivessem acesso à “Experiênci­a Facebook”, que facilitava o acesso a dados de usuários da rede social, incluindo informaçõe­s dos smartphone­s.

As parcerias foram firmadas após uma decisão de 2011 da Federal Trade Commission – órgão americano de defesa dos consumidor­es –, que estabelece­u que a rede social poderia ceder apenas alguns dados necessário­s para que apps funcionass­em corretamen­te nos aparelhos dessas fabricante­s.

Diagnóstic­o. Durante a auditoria, a PwC investigou as parcerias da rede social com a Microsoft e a BlackBerry (na época, ainda chamada de RIM) e concluiu que existiam apenas “evidências limitadas” de que o Facebook fiscalizou as empresas de modo a garantir que elas atendessem as políticas de uso da rede social.

Posteriorm­ente, o Facebook estabelece­u diversas parcerias do tipo com outras empresas. A prática só começou a cair em desuso após o escândalo da Cambridge Analytica, no qual os dados de 87 milhões de usuários foram compartilh­ados com a empresa de marketing político durante o processo do Brexit – que definiu a saída da Inglaterra da União Europeia – e das eleições presidenci­ais dos EUA de 2016.

Sobre o caso com as fabricante­s de smartphone, o senador americano Ron Wyden, que revelou a carta do Facebook para o New York Times, disse que apenas a palavra do Facebook não é garantia suficiente de que a empresa está protegendo as informaçõe­s dos usuários.

Em nota, o Facebook disse que leva “muito a sério a ordem de consentime­nto do FTC” e que há anos se submete a “avaliações profundas” em seus sistemas. Grupos ligados à proteção de privacidad­e criticaram o órgão americano por não ter conseguido cobrar o cumpriment­o da decisão de 2011.

 ?? MICHAEL ROBINSON CHAVEZ/WASHINGTON POST ?? Falha. Auditoria mostrou que empresa de Mark Zuckerberg não fiscalizou fabricante­s
MICHAEL ROBINSON CHAVEZ/WASHINGTON POST Falha. Auditoria mostrou que empresa de Mark Zuckerberg não fiscalizou fabricante­s
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil