O Estado de S. Paulo

Segurança no trânsito

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OPlano de Segurança Viária, também chamado de Vida Segura, que já existe em embrião e ao qual a Prefeitura pretende dar novas caracterís­ticas e muito maior dimensão, é uma iniciativa que tem boas condições de atingir seu objetivo de reduzir o elevado número de acidentes e mortes no trânsito da capital. É preciso cautela, porém, na apreciação de seu verdadeiro alcance, porque o plano só tomará forma definitiva depois de audiências públicas que já começaram nas 32 Prefeitura­s Regionais para receber sugestões da população das várias regiões da cidade, e que se estenderão até meados de dezembro.

A iniciativa foi inspirada em um programa semelhante implantado na Suécia em 1997, com excelente resultado, pois a taxa de mortalidad­e no trânsito caiu 55% até 2015, com medidas relativame­nte simples e baratas, que é o ideal para uma cidade com recursos limitados como São Paulo. A ideia central do plano paulistano é englobar, num conjunto coerente, com objetivos bem definidos de acordo com as caracterís­ticas de cada região, várias medidas que a cidade já vem adotando ao longos dos últimos anos para melhorar a segurança do trânsito.

As principais delas são os programas Pedestre Seguro, Marginal Segura, M’Boi Segura, Celso Garcia Segura, Ruas Completas, limitação da velocidade dos ônibus a 50 km/h, Sexta Sem Carro e Áreas Calmas. Estas Áreas, que se pretende difundir para outras regiões na cidade onde já existem ou podem ser criadas condições semelhante­s, dispõem de rotatórias, lombadas, faixas de pedestres, calçadas e placas que permitem reduzir a velocidade dos carros, para assim combater os atropelame­ntos, que são a principal causa de morte no trânsito na cidade.

Como coordená-las, corrigi-las, se for o caso, e completá-las para conseguir obter desse conjunto o melhor resultado possível é um dos principais objetivos das audiências nas Prefeitura­s Regionais. O outro, que decorre desse, é conseguir a maior participaç­ão possível da população, tanto na formulação final do plano como em sua execução. Para que haja maior participaç­ão, as audiências públicas estão sendo realizadas à noite.

“Todas as ações da Secretaria de Mobilidade e Transporte­s, inclusive as audiências, se refletem na política de conscienti­zação da população sobre a importânci­a de respeitar as leis de trânsito para que se tenha um ambiente cada vez mais seguro para pedestres, ciclistas, motoristas e para os demais modais de transporte utilizados na cidade”, afirma o titular da pasta, João Octaviano Machado Neto. A iniciativa correspond­e também à obrigação da Prefeitura de educar e esclarecer os motoristas e a população sobre a necessidad­e de observar a legislação, como estabelece o Código de Trânsito.

Os resultados obtidos por diversas cidades que adotaram programas de segurança no trânsito inspirados na experiênci­a sueca são animadores. A Noruega e a Holanda conseguira­m as mais baixas taxas de mortalidad­e dos últimos 20 anos. Em Nova York, a redução do número de mortos foi de 28% desde 2014; na Cidade do México, de 20% desde 2015; e em Bogotá, de 11% desde 2016. Essa variedade de experiênci­as em cidades que têm semelhança­s com São Paulo permite esperar que aqui ocorra algo parecido.

Há um outro aspecto nessa iniciativa do prefeito Bruno Covas que merece atenção. É o prazo estabeleci­do – de 10 anos – para atingir a meta de reduzir a atual taxa de mortalidad­e do trânsito da capital, de 6,5 para cada 100 mil habitantes para 3. É raro um administra­dor público planejar a longo prazo. A tendência de nossos administra­dores é pensar apenas a curto prazo, de olho nos possíveis resultados eleitorais de suas ações. Esse plano vai durar o atual governo e mais dois outros, se estes se comportare­m da mesma maneira.

É um bom exemplo. Mas é prudente esperar para ver se ele vai mesmo prosperar.

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