O Estado de S. Paulo

Estrangeir­os se surpreende­m com decisão

- /F.C. e JOSÉ MARIA TOMAZELA

Os médicos cubanos foram pegos de surpresa com o anúncio feito ontem por Cuba. Profission­ais ouvidos pelo Estado não haviam sido avisados por seus supervisor­es sobre a decisão.

“Fiquei sabendo pelos sites de notícias. Não recebi nenhum comunicado e ainda não tenho informação de como vai ser esse retorno”, disse um cubano, que pediu anonimato. Ele trabalha há quatro anos em uma aldeia indígena no Amazonas. “Antes de eu chegar, a aldeia não tinha médico. Meu contrato, teoricamen­te, ia até 2020.”

A médica cubana Yasmilsi Zaldivar Silva soube pelo Estado que o governo cubano decidiu deixar o programa Mais Médicos. “Não é possível, não me disseram nada ainda. Estou muito nervosa com essa notícia”, disse. Ela tinha acabado de sair da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Tapiraí, cidade de 8 mil habitantes, no interior paulista, e pretendia viajar para a casa de amigos em São Paulo, onde passaria o feriado. “Não sei o que dizer. Tenho minha casa, meus pacientes aqui no Brasil. Tenho uma programaçã­o de trabalho”, afirmou.

Em um grupo no Facebook que reúne médicos cubanos que atuam no Brasil, o sentimento também era de surpresa e inseguranç­a. “Só quero que me avisem quando será o transporte massivo para nos prepararmo­s. Temos coisas aqui que precisarem­os vender, não é algo que se faz de um dia para o outro”, disse outra médica cubana na página.

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