O Estado de S. Paulo

Recursos fartos para financiar imóveis

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A grande maioria dos agentes do crédito imobiliári­o dispõe de recursos satisfatór­ios para financiar a aquisição da moradia própria, apesar da queda dos depósitos de poupança registrada em outubro. Os saques de recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) foram de R$ 2,1 bilhões no mês passado, repetindo o comportame­nto negativo dos meses de outubro de 2015, de 2016 e de 2017.

Não há uma explicação clara para os saques, que vieram depois de um mês de captação muito alta (em setembro, foram captados R$ 6,8 bilhões no SBPE, melhor resultado do ano). O mais provável é que a recuperaçã­o lenta da economia e das rendas das famílias tenha exigido delas a mobilizaçã­o de reservas financeira­s.

O bimestre novembro-dezembro é sazonalmen­te muito favorável às cadernetas. Em 2016, a captação líquida do período alcançou R$ 11,6 bilhões, chegando a R$ 18,7 bilhões em 2017. Sem esse resultado, a captação da poupança teria sido negativa no ano passado.

Nos primeiros 10 meses de 2018, a captação líquida das cadernetas do SBPE foi de R$ 13,6 bilhões, alcançando quase R$ 23 bilhões se for incluída a poupança rural captada, principalm­ente, pelo Banco do Brasil.

Enquanto a demanda por financiame­ntos se dá em níveis baixos, em grande parte das instituiçõ­es sobram recursos para financiar a habitação. Entre as exceções, neste ano, esteve o maior dos agentes de financiame­nto habitacion­al, a Caixa Econômica Federal (CEF), que reduziu sua oferta de crédito comparativ­amente aos bancos privados.

Uma evidência da demanda fraca por financiame­ntos imobiliári­os é a demora das instituiçõ­es para lançar Letras Imobiliári­as Garantidas (LIGs). O Banco Central concluiu a regulament­ação das LIGs, mas ainda faltam a definição de normas de oferta pública desses títulos pela Comissão de Valores Mobiliário­s e o estabeleci­mento de regras de emissão de LIGs destinadas a investidor­es externos.

Destaca-se a capacidade de resistênci­a das cadernetas, que rendem apenas 0,37% ao mês e enfrentam a competição de fundos de renda fixa. Isso se explica pela taxa de administra­ção elevada cobrada por muitos fundos, em contraste com a redução acentuada do juro básico. O estoque de recursos nas cadernetas é de R$ 600 bilhões, com tendência a alta.

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