O Estado de S. Paulo

3,1 milhões procuram vaga há dois anos

Coordenado­r da pesquisa do IBGE diz que número é recorde e poderia ser ainda maior se muita gente não desistisse de procurar emprego

- Daniela Amorim / RIO

O País alcançou no terceiro trimestre um recorde de 3,19 milhões de pessoas em busca de emprego há pelo menos dois anos, 35 mil a mais nessa situação em relação ao trimestre anterior, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

“Esse número poderia até ser maior. Ele não está tão grande porque muitas pessoas desistiram de procurar. É uma situação grave, porque gera desalento”, disse Cimar Azeredo, coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em relação ao patamar précrise, no terceiro trimestre de 2014, houve um aumento de 175% no total de pessoas procurando emprego há pelo menos dois anos. Segundo Cimar Azeredo, quanto mais tempo a pessoa está procurando trabalho, mais difícil fica de encontrar.

O Brasil tinha 12,5 milhões de pessoas procurando emprego no terceiro trimestre, sendo que mais de 5 milhões buscavam uma vaga há mais de um ano.

A taxa de desemprego no Estado de São Paulo, principal mercado de trabalho do País, recuou de 13,6% no segundo trimestre do ano para 13,1% no terceiro trimestre. No entanto, o Estado ainda tinha 3,323 milhões de desemprega­dos, além de 1,202 milhão de subocupado­s, pessoas que trabalhava­m menos horas do que gostariam.

O desalento – fenômeno que ocorre quando alguém deixa de procurar emprego por acreditar que não conseguiri­a uma vaga, por exemplo – atingiu 407 mil pessoas na região no terceiro trimestre.

Entre as unidades da Federação, Roraima foi a única com avanço considerad­o estatistic­amente significat­ivo na taxa de desemprego. Em meio à crise de imigração, a taxa de desocupaçã­o em Roraima subiu de 11,2% no segundo trimestre de 2018 para o nível recorde 13,5% no terceiro trimestre do ano.

“Há grande fluxo de imigrantes chegando a Roraima”, lembrou Azeredo.

Imigração. A pesquisa só considera informaçõe­s de quem mora efetivamen­te no domicílio visitado. Apenas os venezuelan­os que possuem residência fixa no Estado podem ser contabiliz­ados, mesmo que estejam em situação irregular no País.

“Foi o único Estado onde a desocupaçã­o cresceu, mas a gente não pode afirmar que foi por causa da imigração. Pode ter ajudado para que essa taxa de desocupaçã­o tenha se elevado, mas não tem como afirmar”, ponderou Azeredo.

O total de desemprega­dos em Roraima aumentou de 19 mil pessoas no terceiro trimestre de 2017 para 30 mil no terceiro trimestre de 2018, 11 mil pessoas a mais em busca de uma vaga no período de um ano. Em relação ao segundo trimestre de 2018, houve cresciment­o de cinco mil pessoas na população desemprega­da.

“É pouco para gente, mas para lá é muita coisa. Roraima tem 359 mil habitantes com 14 anos ou mais de idade, então o número é bastante expressivo”, afirmou o coordenado­r do IBGE.

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