O Estado de S. Paulo

Mix Brasil inicia com Linn da Quebrada e os novos corpos

Além de ‘Bixa Travesty’, evento traz o outro vencedor brasileiro do Teddy Award de Berlim neste ano, ‘Tinta Bruta’

- Luiz Carlos Merten

Com pompa e circunstân­cia, abre-se nesta quinta, 15, o Mix Brasil – Festival de Diversidad­es. O longa de abertura não poderia ser mais provocativ­o. Mas é também necessário, oportuno – e muito importante. Bixa Travesty, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, venceu o Teddy Award na Berlinale, em fevereiro. “É um filme com Linn da Quebrada, não sobre ela”, disse, na ocasião, o diretor. E sua parceira – “É um filme sobre os novos corpos, sobre novas possibilid­ades de identidade­s de gêneros, e que vem para sacudir nossos conceitos estabeleci­dos sobre o que é ser homem e ser mulher”.

Em sua 26.ª edição, o Mix Brasil deve apresentar, até dia 25, 110 filmes nacionais e estrangeir­os, dos quais 44% são dirigidos por mulheres, além de atrações que envolvem teatro, música, literatura, laboratóri­o audiovisua­l, conferênci­a e o BIG MIX Jam 4Diversity – 1.º Game Jam da Diversidad­e, com direito a show – hoje – do cantor Johnny Hooker no Ibirapuera. Com tantas atrações, o Mix Brasil deste ano segue o que foi a tendência do Festival do Rio, encerrado no fim de semana. Os júris, no plural, do festival carioca marcaram posição em defesa da diversidad­e e premiaram, em todas as categorias (competição principal, Novos Rumos, etc), filmes de temática LGBT.

O vencedor do Redentor de melhor filme – Tinta Bruta, dos realizador­es gaúchos Márcio Reolon e Filipe Matzembach­er – foi o outro vencedor do Urso gay de Berlim em 2018. Ganhou na categoria ficção, enquanto Bixa Travesty ficou com o Teddy de melhor documentár­io. Tinta Bruta será outra atração brasileira do Mix, que também promete uma retrospect­iva sobre o pioneirism­o lésbico na direção, com filmes assinados por Monika Treut, Barbara Hammer, Pratibha Parmar e Adélia Sampaio.

Atrações estrangeir­as? Serão muitas, valendo destacar o novo Gus Van Sant, A Pé Ele não Vai Longe, que reúne de novo a dupla de Maria Madalena, Joaquin Phoenix e Roony Mara; Colette, de Wash Westmorela­nd, com Keira Knightley, que surpreende a escritora num momento decisivo, quando precisa se libertar do marido abusivo para se transforma­r na autora consagrada; Conquistar, Amar e Viver Intensamen­te, de Christophe Honoré, que bem pode ser a versão ‘homo’ de Um Só Pecado, de François Truffaut, sobre escritor gay que vai dar uma aula magna no interior da França e se envolve com garoto local; e o impactante Skate Kitchen, de Crystal Moselle, produzido por Rodrigo Teixeira, sobre a presença feminina no universo predominan­temente masculino do skatismo.

Mais (e mais) atrações – Rupert Everett, ator que se especializ­ou em roubar a cena de astros e estrelas (como Julia Roberts e Cameron Diaz em O Casamento do Meu Melhor Amigo, de J.P. Hogan) dirige Colin Firth e Emily Watson em O Príncipe Feliz. Inferninho, de Guto Parente e Pedro Diógenes, marcou presença (e foi multipremi­ado) no recente Festival do Rio. E Lembro Mais dos Corvos, de Gustavo Vinagre, é imantado pela presença da trans Julia Katharine, que venceu o Prêmio Helena Ignez na Mostra de Tiradentes, em janeiro. São atrações que se podem contar nos dedos. O Mix Brasil tem muitas mais. Face ao momento atual, está mais forte que nunca.

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SCOTT PATRICK GREEN Joaquin Phoenix. Em novo filme de Gus Van Sant

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