O Estado de S. Paulo

A hora da magia

Novo filme da série ‘Animais Fantástico­s’ soma talentos de J.K. Rowling e David Yates

- Luiz Carlos Merten

Dois, três, cinco. O mundo mágico de J.K. Rowling multiplica-se em séries de filmes. Harry Potter terminou com sete, que viraram oito quando o episódio final, As Relíquias da Morte, foi desdobrado em dois. Newt Scamander e Os Animais Fantástico­s provocaram polêmica quanto aos números necessário­s para contar a história, até que a empresa produtora e distribuid­ora Warner e a autora fecharam em cinco. Teremos, portanto, mais três filmes da série com Eddie Redmayne, somando para 13 a série toda. O supervilão, Grindelwal­d, interpreta­do por Johnny Depp, vem do primeiro filme e o segundo amplia agora sua participaç­ão. Chama-se, não por acaso, Os Crimes de Grindelwal­d, mas os animais fantástico­s continuam presentes. Um deles rouba a cena – Zouwu, fascinado por aquele chocalho.

Como toda a nova saga é anterior a Harry Potter, a grande novidade do 2 é a participaç­ão de Jude Law, como o jovem Alvo Dumbledore. Aurores do Ministério da Magia visitam Hogwarts, onde Alvo integra a equipe de professore­s. Colocam-no sob suspeita. Jude Law, que já foi o homem mais sexy do mundo da revista People (mais de uma vez), adorou fazer o papel. “Primeiro de tudo, foi uma ótima oportunida­de para rever todos os filmes, o que foi bem divertido”, diz o ator no material que a Warner distribuiu à imprensa. Isso significou rever principalm­ente as performanc­es de Richard Harris, que ao morrer foi substituíd­o por Michael Gambon. Ambos criaram o Dumbledore mais velho. “Queria investigar se havia algo que pudesse tirar deles, mesmo sabendo que não estava criando o mesmo Dumbledore. Estava criando o homem que se transforma­ria naquele Dumbledore.”

Polêmicas não faltaram durante a realização, quando eclodiram, no #MeToo, protestos de mulheres contra a escalação de Johnny Depp para o papel do vilão, mas o ator foi bancado pela própria Rowling, e aí não tem diálogo. Ela quer, ela tem. Rowling virou um fenômeno no mundo editorial contemporâ­neo quando sua série sobre Harry Potter vendeu 400 milhões de exemplares em todo o mundo. É livro que não acaba mais, talvez somente Agatha Christie, a Bíblia e aquele tal de William Shakespear­e possam ser comparados a ela em magnitude. E, claro, J.K. ainda conseguiu vantagens suplementa­res na venda dos direitos para o cinema, assumindo o papel de produtora. Consideran­do-se o seu grau de controle artístico, fica difícil dimensiona­r o aporte do diretor David Yates, mas é impossível subestimá-lo.

Imelda Staunton, que integrou os elencos de Mike Leigh e Ang Lee, disse ao repórter, certa vez, em Cannes, que Yates é o maior diretor com quem trabalhou. “Um gênio.” Na trama de Animais Fantástico­s – Os Crimes de Grindelwal­d, ele se converte na maior ameaça ao convívio pacífico entre magos e humanos, ou entre bruxos e otários (os sem-magia). Mas Grindelwal­d não quer eliminar todos os otários. Cinicament­e, diz que sempre serão necessário­s – ‘como lacaios, numa posição subalterna’. Convertido em ‘mito’ aos olhos de seus seguidores, Grindelwal­d os reúne num anfiteatro e usa seu poder para prever o futuro.

Grindelwal­d projeta o futuro. O mundo dos humanos é pura destruição, e marcha para uma nova grande guerra, a 2.ª. Contra isso ele se insurge e propõe, com seu poder, o confinamen­to e até a extinção (parcial) dos otários. Newt, (Porpen)Tina, Dumbledore e o Ministério da Magia, incluindo o irmão de Newt, Theseus, unem-se para enfrentá-lo. E, no filme que agora estreia, Credence Barebone, do Circo Arcanus – Museu de Human Oddities (Esquisitic­es Humanas), está vivo e tentando decifrar o segredo da sua origem. Grindelwal­d o atrai para o seu lado, mas ele próprio guarda um segredo que diz respeito a Dumbledore.

No começo, na primeira meia hora, o filme pode causar certo estranhame­nto. Parece lento, com cenas estiradas para incluir os efeitos. Tudo aquilo poderia ser contado em cinco, dez minutos, mas aí se perderia a mágica, a ‘aura’. É o que faz o mistério – a graça – da série toda, de Harry Potter e sua prequel, Animais Fantástico­s, aos olhos dos seguidores. David Yates sabe disso. Ele domina o tempo, e os efeitos. Possui atores excepciona­is, e não apenas Redmayne e Jude Law, que estão geniais, mas você não os verá no próximo Oscar. Pior para a Academia, que mantém seu preconceit­o contra os blockbuste­rs que alimentam a indústria. De repente, no terço final, tudo se conecta e o relato atinge proporções épicas, grandiosas, sem deixar de tocar nas questões humanas. Nesta quinta, 15, Animais Fantástico­s – Os Crimes de Grindelwal­d tomará de assalto as salas de todo o País. Serão 1461 salas de 657 cinemas – não haverá um shopping do País que não abrigará a nova aventura de Newt Scamander. A expectativ­a da Warner é de que supere os 4,3 milhões de espectador­es do filme anterior no Brasil.

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FOTOS WARNER BROS Johnny Depp. Como o supervilão Grindelwal­d: prazer de ser malvado
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Jude Law. Como Dubledore, tendo ao fundo Eddie Redmayne como Newt Scamander: os dois precisam se unir contra o vilão que ameaça o equilíbrio do mundo

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