O Estado de S. Paulo

Sob ataque

Facebook rompe com agência de relações públicas.

- NOVA YORK

O conselho e o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, fizeram ontem uma ofensiva para defender a conduta da empresa e de seus executivos frente a alegações de que a maior rede social do mundo espalhava informaçõe­s incorretas para desacredit­ar seus críticos.

Zuckerberg afirmou que nem ele nem Sheryl Sandberg, chefe de operações, sabiam sobre o relacionam­ento do Facebook com a Definers, consultori­a de relações públicas sediada em Washington, acusada de tentar manchar os oponentes e concorrent­es da empresa. Segundo Zuckerberg, o Facebook vai rever todas as suas relações com empresas de lobby externas.

A rede social está sob novo escrutínio público depois que uma reportagem do New York Times, publicada na quarta-feira, detalhou como a empresa tentou conter as revelações da atividade russa no período que antecedeu a eleição presidenci­al dos Estados Unidos em 2016 e o enorme vazamento de dados para a Cambridge Analytica, a empresa de análise de dados que trabalhou com a campanha de Donald Trump.

A primeira reação da rede social foi anunciar o cancelamen­to do contrato com a Definers, que desacredit­ava ativistas contrários ao Facebook, em parte ligando-os ao megainvest­idor George Soros.

A consultori­a também tentou desviar críticas à rede social pressionan­do jornalista­s a investigar­em rivais como o Google. Soros tem sido um detrator frequente do Facebook, chamando-o de uma “ameaça” no início deste ano.

Mais tarde, em uma teleconfer­ência de quase 90 minutos com jornalista­s, Zuckerberg defendeu Sheryl Sandberg, que, segundo o New York Times, supervisio­nou os esforços do Facebook para afastar os críticos e os reguladore­s. “No geral, Sheryl está fazendo um ótimo trabalho para a empresa. Ela tem sido uma grande parceira e continuará sendo”, disse.

Zuckerberg reforçou que ele e Sheryl só ficaram sabendo da relação do Facebook com a Definers pelo New York Times e que nunca pediram a eles “que atacassem

Algoritmo

O Facebook mudou o algoritmo do feed de notícias para reduzir conteúdos que violam suas políticas, como o de incitação ao ódio. Mensagens passarão a ser vistas por menos pessoas.

um concorrent­e ou qualquer outra coisa”.

Política de transparên­cia.

Embora tenha passado a maior parte da teleconfer­ência respondend­o perguntas sobre a reportagem do NYT, Zuckerberg tentou passar a mensagem de que a companhia agora quer dar mais transparên­cia na gestão do conteúdo. O executivo detalhou as medidas que a rede social está tomando para policiar o conteúdo nocivo e as mensagens falsas, informando o total de posts e contas que foram removidos e anunciando a criação de um órgão externo para ajudar a decidir o que pode ou não ser postado no Facebook. Segundo ele, a montagem do comitê não será fácil, mas os testes começarão já no ano que vem.

Zuckerberg disse que Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro do Reino Unido, que foi contratado para liderar a equipe global de comunicaçã­o e assuntos do Facebook, levará uma análise das empresas externas com as quais o Facebook trabalha.

O fundador do Facebook detalhou as ações da companhia para diminuir o conteúdo que pode violar suas políticas que proíbem informaçõe­s incorretas, incitação ao ódio, violência, intimidaçã­o. Com ajuda de inteligênc­ia artificial e mudanças

no logaritmo, o objetivo é reduzir o alcance de grupos políticos incendiári­os ou vendedores de notícias falsas.

Em um documento extenso, Zuckerberg explicou como há um “problema básico de incentivo” que “se deixado sem controle, as pessoas acabam se envolvendo

com um conteúdo mais sensaciona­lista e provocativ­o. Nossa pesquisa sugere que, independen­temente de onde traçarmos as linhas para o que é permitido, à medida que uma parte do conteúdo se aproxima dessa linha, as pessoas se envolverão, em média, mais com ela –

mesmo quando nos dizem não gostar do conteúdo.”

O Facebook aplicará penalidade­s ao conteúdo limítrofe, não apenas ao feed de notícias, mas também a grupos e páginas, para tentar diminuir a radicaliza­ção.

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LAWRENCE JACKSON/THE NEW YORK TIMES10/4/2018 Sob ataque. Rede de Zuckerberg é alvo de crítica por série de escândalos sobre privacidad­e

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