O Estado de S. Paulo

Mourão pode ficar com parte das atribuiçõe­s da Casa Civil

Planalto. Proposta em estudo por equipe de presidente eleito prevê transferir da Casa Civil para a Vice-Presidênci­a a atribuição de coordenar o trabalho feito por ministério­s

- Tânia Monteiro / BRASÍLIA

A nova estrutura do Palácio do Planalto, que está sendo desenhada pela equipe de Jair Bolsonaro, prevê que a Casa Civil deixe de coordenar os ministério­s. Esse trabalho passaria a ser feito pelo vice, general Hamilton Mourão. A ideia é liberar o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para a articulaçã­o política com o Congresso. Hoje, essa função é da Secretaria de Governo, que será extinta.

A nova estrutura do Palácio do Planalto, que está sendo desenhada pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, prevê que a pasta da Casa Civil passe a ter uma outra atribuição e deixe de coordenar os ministério­s do governo. Esse trabalho passaria a ser feito pelo vice-presidente eleito da República, general Hamilton Mourão. A ideia é liberar o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para a articulaçã­o política com o Congresso, já que a Secretaria de Governo – que desempenha esse papel atualmente – será extinta.

Na visão do núcleo mais próximo do presidente eleito, a articulaçã­o política e a abertura de um canal de ligação de Bolsonaro com os parlamenta­res vai demandar tempo e esforço em um cenário de votação de projetos considerad­os fundamenta­is pela nova gestão.

A estrutura do Planalto no governo Bolsonaro daria mais poderes ao general Mourão – que durante a campanha eleitoral deu declaraçõe­s polêmicas e, por isso, chegou a ser desautoriz­ado pelo então presidenci­ável do PSL (mais informaçõe­s nesta

página) – e pode acentuar as diferenças entre os grupos político e militar que cercam o presidente

eleito.

Na avaliação de aliados, como o governo será comandado por um militar reformado do Exército, que pensa na hierarquia, a visão é de que todos os ministros têm o mesmo nível e não aceitariam cobrança de resultado de outro titular de “igual estatura”. Colocar Mourão à frente da coordenaçã­o da Esplanada seria uma forma de dar ao vice-presidente eleito ascendênci­a sobre os demais titulares do primeiro escalão para cobrar resultados.

Se o novo desenho for aprovado, o Palácio do Planalto perde uma secretaria com status de ministério – a de Governo –, ficando com apenas três pastas: Casa Civil, com Lorenzoni; Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI), com o general Augusto Heleno, e Secretaria-Geral da Presidênci­a, que deverá ser ocupada pelo ex-presidente do PSL Gustavo Bebianno.

A Secretaria-Geral é uma espécie de “prefeitura do Planalto”, embora o Programa de Parcerias de Investimen­tos (PPI) – que tem como finalidade a celebração de contratos de parceria com a iniciativa privada e outras medidas de desestatiz­ação – esteja vinculado a ela.

Outro cargo importante no palácio é a chefia de gabinete do presidente da República, que ainda não tem nome definido. O titular deste posto será o responsáve­l por controlar a agenda e quem tem ou não acesso a Bolsonaro. Bebianno chegou a desempenha­r esse papel durante a campanha e inicialmen­te estava cotado para o cargo. Na última semana, no entanto, Lorenzoni anunciou Bebianno como “futuro ministro” da Secretaria-Geral da Presidênci­a, o que até agora não foi confirmado por Bolsonaro.

Projetos. No novo desenho, juntamente com a coordenaçã­o dos ministério­s, devem ser deslocadas para a Vice-Presidênci­a duas subchefias da Casa Civil – a de análise e acompanham­ento de políticas governamen­tais e a de articulaçã­o e monitorame­nto. Está sendo estudado também a possibilid­ade de projetos vinculados ao PPI e as ações Programas

de Aceleração do Cresciment­o (PAC) serem transferid­as para a Vice-Presidênci­a.

No caso do PPI, considerad­o pelo novo governo como uma área de excelência, há projetos prontos para serem privatizad­os a curto prazo que poderão render ao menos R$ 100 bilhões. Embora com recursos minguados para 2019, o PAC deverá ter disponível cerca de R$ 17 bilhões para as obras previstas.

A Casa Civil, por sua vez, manteria sob sua responsabi­lidade a secretaria executiva, a subchefia de assuntos jurídicos – por onde passam todos os atos do governo para serem aprovados –, a Imprensa Nacional, o Instituto Nacional da Propriedad­e Industrial além de comitês, comissões e conselhos, como o Desenvolvi­mento Econômico e Social – o chamado Conselhão, que o novo governo quer reformular totalmente.

A Casa Civil tem 190 cargos comissiona­dos, os chamados DAS, à sua disposição. O Palácio do Planalto conta hoje, ao todo, com cerca de 3.500 funcionári­os.

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Administra­ção. Vice-presidente eleito, o general da reserva Hamilton Mourão deve ganhar novas atribuiçõe­s no governo

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