Submarino argentino com 44 a bordo é achado após um ano
Patagônia argentina. ARA San Juan foi localizado a 600 quilômetros da costa de Comodoro Rivadávia e chefe da base naval de Mar del Plata afirma que ele sofreu uma implosão, mas manteve estrutura; governo precisa decidir se retira objeto do mar
O submarino argentino ARA San Juan foi encontrado anteontem, um ano e um dia depois de desaparecer com 44 pessoas a bordo. O equipamento foi localizado a 907 metros de profundidade e a 600 km da costa, dentro da área de buscas. O governo avalia se fará operação de retirada.
Um ano e um dia depois do desaparecimento do submarino ARA San Juan, da Marinha da Argentina, uma empresa privada encontrou a embarcação a 600 quilômetros da costa de Comodoro Rivadávia, na Patagônia argentina, e a 907 metros de profundidade, pondo um fim às buscas. O governo de Mauricio Macri avalia agora se realiza uma operação para a retirada do submarino e dos corpos dos 44 tripulantes.
Ontem, em entrevista coletiva, o chefe do Estado-maior da Marinha, José Luis Villán, afirmou que “neste momento, a palavra adequada é prudência”. O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Aguad, disse que o país “não tem meios” para retirar os destroços do fundo do mar.
“A próxima etapa é ver se é possível retirar o submarino de lá. Não é impossível, mas é uma operação muito complexa e muito cara”, disse à AFP um oficial da Marinha argentina que não quis se identificar.
Segundo o chefe da base naval de Mar del Plata, o submarino sofreu uma implosão, mas manteve sua estrutura. “Ele está em uma área de visibilidade bastante reduzida, vemos ele por inteiro, mas obviamente implodido”, explicou Gabriel Attis. Segundo Enrique Balbi, porta-voz da Marinha, a proa, a popa e a vela se desprenderam do submarino. “Isso sugere que a implosão tenha ocorrido muito perto do fundo”, disse.
“Tendo investigado o ponto de interesse n.º 24 relatado pela Ocean Infinity, identificação positiva foi dada a #AraSanJuan”, disse a Marinha, referindo-se à empresa americana que procurava o submarino. Segundo o jornal Clarín, ela cobrará US$ 7,5 milhões pelo trabalho.
Na quinta-feira, a Marinha havia organizado um ato em homenagem à tripulação do submarino, em Mar del Plata, por ocasião do um ano de seu desaparecimento. A cerimônia teve a presença do presidente Macri e de parentes dos marinheiros.
Algumas famílias dos tripulantes permaneceram por um ano em Mar del Plata. Ontem, imagens feitas por um robô de busca da Ocean Infinity foram mostradas a parentes dos tripulantes. Antes de anunciar publicamente a descoberta do submarino, as autoridades alertaram aos parentes da tripulação que todos a bordo morreram.
Yolanda Mendiola, mãe do cabo Leandro Cisneros, de 28 anos, disse à France Press que deseja saber detalhes do que aconteceu. “Estamos todos destruídos. Agora queremos saber o que aconteceu de verdade. Houve falhas, claro. A justiça tem que investigar. Se houver culpados, que sejam punidos. São 44 meninos, e quando entraram naquele submarino, estavam vivos.”
O caso. O último contato com o submarino ocorreu quando ele navegava no Golfo de São Jorge, a 450 km da costa. Ele voltava de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e se dirigia para Mar del Plata.
No dia do acidente, uma explosão foi registrada três horas depois da última comunicação, quando o capitão da embarcação reportou a superação de uma falha no sistema de baterias devido à entrada de água pelo snorkel. O San Juan tinha um suprimento de ar de sete dias quando relatou sua posição pela última vez. A tripulação recebeu ordens para retornar à base.
A busca pelo ARA San Juan começou 48 horas após o último contato, feito em 15 de novembro de 2017. Treze países colaboraram, mas a maioria se retirou antes do final de 2017.
A pressão das famílias, no entanto, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da empresa americana Ocean Infinity para retomar o rastreamento.
O navio da Ocean Infinity partiu no dia 7 de setembro com quatro membros da família a bordo. Após dois meses de busca – tempo mínimo que por contrato a empresa deveria operar – a Ocean Infinity havia antecipado nesta semana que abandonaria a expedição. No entanto, o novo contato no fundo do oceano, obtido depois de revisar imagens obtidas previamente, fez atrasar seus planos e partir de navio até o local onde foi apresentado o indício.
O investimento nas buscas alcançou US$ 25,5 milhões. O caso estimulou o exame do estado das Forças Armadas na Argentina, que tem um dos menores orçamentos de Defesa da América Latina.