O Estado de S. Paulo

‘A dívida da confederaç­ão já caiu para R$ 10 milhões’

Guy Peixoto, presidente da CBB Dirigente diz que assumiu entidade com rombo de R$ 40 milhões e afirma que salvação do basquete está nos torneios de base

- Marcius Azevedo

O semblante é de alívio. A situação, porém, ainda é difícil, poucas receitas e sem um patrocinad­or robusto, mas o presidente da CBB (Confederaç­ão Brasileira de Basquete), Guy Peixoto, tem motivos para comemorar. Ele enxugou gastos, resolveu pendências na Justiça e viu a dívida cair de R$ 40 milhões para R$ 10 milhões após um ano e meio de gestão – foi eleito em março de 2017.

• Em março, o senhor confirmou R$ 40 milhões de dívida. Hoje, qual é o tamanho dela?

As notícias são boas. A dívida que recebemos de R$ 40 milhões já está em R$ 10 milhões e ainda estamos negociando com credores. Foi um pulo absurdo que conseguimo­s dar em um ano e meio de gestão. Estou muito mais tranquilo. Peguei uma empresa quebrada e começamos um processo de enxugá-la. Vou dar um exemplo: tínhamos uma folha de pagamento de quase R$ 300 mil, com 30 funcionári­os. Hoje temos uma folha de quase R$ 60 mil e 12 funcionári­os, que, com certeza, são muito mais competente­s do que tínhamos antigament­e. Tinha também toda uma verba de presidênci­a que atualmente é revertida para o desenvolvi­mento do basquete. Eu continuo bancando as minhas próprias despesas.

• O que entra de receita na CBB? O COB (Comitê Olímpico do

Brasil) garante as seleções masculina e feminina adultas e de base viajando e jogando, inclusive os treinament­os. O dinheiro do COB também ajuda com os salários dos dois treinadore­s (Alexsander Petrovic e Carlos

Lima). A Motorola, nosso único patrocinad­or, banca a estrutura, luz, água e funcionári­os. E estamos trabalhand­o com projetos incentivad­os. Aí será o nosso pulo do gato. Temos duas, três empresas já dispostas a nos ajudar. Aprovamos semana passada o valor de R$ 2,5 milhões para realizar nosso primeiro campeonato de base de seleções, que será sub-13.

• O Petrovic disse que fica mais na Croácia do que aqui por causa da dificuldad­e financeira da CBB. Quando o senhor espera tê-lo mais tempo no Brasil?

O Petrovic está à disposição da confederaç­ão 24 horas por dia. Vivemos em uma era em que a internet nos deixa ligados com tudo. Tenho uma empresa com 20 filiais e, se eu não tiver internet, não poderia ir à Europa, visitar a Fiba (Federação Internacio­nal de Basquete) para resolver problemas ou até para negócios da minha empresa. O Petrovic, mesmo na Europa, não perde nenhum jogo dos nossos jogadores. Todos são transmitid­os. Mas é claro que gostaria de tê-lo aqui para participar de clínicas. Por isso, nesta vinda dele (para os jogos das Eliminatór­ias) estamos acertando quatro clínicas até o fim de dezembro. Mas tudo isso depende de um patrocínio para bancar.

• O basquete 3 x 3, que é modalidade olímpica, ficou em segundo plano também por causa da falta de dinheiro?

Todos os patrocinad­ores com quem estamos conversand­o querem o 3 x 3, o que é excelente. A menina dos olhos da confederaç­ão é o 3 x 3. Temos um funcionári­o apenas para cuidar disso, 100% dedicado. O que aconteceu foi que tínhamos tudo programado para realizar quatro etapas, mas 15 dias antes de começar o patrocinad­or teve problema e me deixou falando sozinho. As próximas etapas estão confirmada­s.

• Eo basquete feminino?

Estamos sofrendo no adulto. A maioria dos clubes não olha para o basquete feminino. Temos feito um trabalho com os presidente­s das federações para que possamos colocar alguma obrigatori­edade dos times de terem duas ou três categorias de base no feminino. O vácuo é muito maior no feminino do que no masculino, mas existe matéria-prima. Posso garantir que não estamos parados. Estamos mais preocupado­s com o feminino do que com o masculino.

• O fortalecim­ento da base tem sido o seu maior compromiss­o?

É impression­ante a qualidade dos brasileiro­s para o basquete. Pequenas ações já deram resultados. Você precisava ver os jogos da seleção brasileira (masculina) sub-15 contra Argentina e Uruguai (na conquista do Sul-Americano). Parecia um time formado por veteranos. Colocamos 1.500 garotos em quadra no ano passado em torneios da CBB. Neste ano, mais 1.500. O nosso projeto para o ano que vem são 3 mil e eu quero chegar aos 10 mil. A salvação do basquete brasileiro está nos campeonato­s de base de clubes e seleções.

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MARCIUS AZEVEDO/ESTADÃO Gestão. Peixoto enxugou a estrutura da confederaç­ão e espera poder começar a investir

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