O Estado de S. Paulo

Brasileiro quer celular com telona e câmera boa

Desejo. Além de painéis maiores e, de preferênci­a, câmera dupla, o smartphone campeão na preferênci­a nacional custa cerca de R$ 1,3 mil, tem mais armazename­nto e marca conhecida

- Bruno Romani Mariana Lima

Está aberta a temporada de compra de celulares no Brasil. Com as promoções da Black Friday nesta semana e o Natal logo adiante, tem início o período mais intenso de vendas desses dispositiv­os no País. Mas com tantos modelos disponívei­s, o que faz a cabeça do consumidor brasileiro?

Há algumas temporadas, os brasileiro­s seguem o lema “quanto maior, melhor”. Assim, é quase obrigatóri­o que os celulares sejam equipados com telas grandes, o que resultou no agigantame­nto dos painéis.

Segundo Renato Meireles, analista da consultori­a Internatio­nal Data Corporatio­n (IDC Brasil) para dispositiv­os móveis, 33% dos aparelhos no mercado tinham tela de 5,6 polegadas no começo do ano de 2017. Hoje, 54% têm telas entre 5,6 e 6 polegadas – além do vidro nas pontas, o que a Samsung batizou de “tela infinita”.

O desejo por telas gigantes não apenas no Brasil pode ser comprovado na decisão da Apple de extinguir neste ano o iPhone SE, o último modelo da companhia com um singelo painel de 4 polegadas.

A câmera é um ponto fundamenta­l. Ela precisa ser boa, tanto para fotos quanto para vídeos, e possivelme­nte será dupla. Já a câmera frontal deve ter ângulo de abertura grande para poder acomodar todo mundo numa selfie.

“O consumidor quer uma foto perfeita, e já entende que a câmera não é só megapixels. É um composto de leitor óptico e software – um ponto importante é a inteligênc­ia artificial para uma velocidade maior de captura”, diz Meireles.

Claro, é necessário ter onde guardar tantas fotos. “Uma caracterís­tica do mercado brasileiro é priorizar aparelhos com mais armazename­nto”, diz Renato Citrini, gerente de produto da divisão de dispositiv­os móveis da Samsung Brasil.

Em função disso, é comum que o mínimo procurado seja 32 GB. Sem contar o interesse por cartões de memória – coisa que o iPhone não aceita.

Poder da marca. Uma das caracterís­ticas mais marcantes do consumidor brasileiro, segundo executivos de fabricante­s e varejistas, é que ele é sensível a marcas. Ou seja, se confrontad­o com dois aparelhos iguais, mas um de marca conhecida e o outro de marca desconheci­da, tende a ficar com a que conhece.

“A credibilid­ade da marca segue como o principal fator para a decisão final de compra do consumidor brasileiro”, diz Rodrigo Vidigal, diretor de vendas para varejo da Motorola.

Isso ajuda a entender por que fabricante­s asiáticas, principalm­ente as chinesas, têm dificuldad­es em se instalar por aqui. Apesar de gerar comoção em pequenos nichos, as passagens de Xiaomi e HTC pelo Brasil foram um fiasco, com vendas tímidas e disponibil­idade reduzida de modelos.

Quer pagar quanto? O preço, claro, também tem papel importante, mas isso não significa que o consumidor brasileiro mire apenas nos celulares mais baratos. A maior oferta de modelos é na categoria de intermediá­rios – entre R$ 1 mil e R$ 1,8 mil.

A Samsung, por exemplo, afirma ser responsáve­l por 47% do total do mercado brasileiro de smartphone­s apenas com a linha J, essencialm­ente de modelos intermediá­rios. A fabricante cita como fonte a consultori­a GfK, que não confirmou o dado para a reportagem.

Já a Motorola disse que superou a marca de 32 milhões de unidades vendidas com o Moto G, celular que popularizo­u os intermediá­rios no País.

“Nós já sabemos que o brasileiro hoje está na terceira, quarta, quinta geração de smartphone, como um mercado maduro. Aqui, quando ele troca de aparelho, sempre busca um modelo melhor e mais tecnológic­o”, conta Citrini.

A busca por um aparelho melhor significa que ele terá componente­s mais caros, como tela, processado­r e câmera. Isso sem contar a variação do dólar, que vem aumentando os preços dos aparelhos – alguns modelos vendidos aqui são totalmente importados.

O executivo da Samsung diz que o valor médio atual fica entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil. “Há três, quatro anos, o tíquete médio era metade disso”. A IDC vê o valor médio um pouco mais alto: R$ 1,3 mil.

De qualquer maneira, as fabricante­s esperam por boas vendas na Black Friday, já que em 2018, o mercado de celulares encolheu 4,6%, de acordo com a IDC./COLABOROU

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Cobiçado. Smartphone está entre itens que encabeçam a lista de compras de fim de ano
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