O Estado de S. Paulo

Lucro de empresas tem quinta alta

Expansão. Ganhos de companhias com ações na Bolsa subiram 25,7% entre julho e setembro na comparação com o mesmo período de 2017; Petrobrás foi destaque entre as empresas mas, por setor, comércio registrou o maior avanço, com alta de 500% no lucro

- Márcia De Chiara

O lucro líquido de 304 empresas com ações na Bolsa cresceu pelo quinto trimestre seguido. Os ganhos somam R$ 53,5 bilhões de julho a setembro, confirmand­o trajetória de recuperaçã­o econômica.

O lucro das companhias com ações negociadas na Bolsa cresceu pelo quinto trimestre seguido, confirmand­o a trajetória de recuperaçã­o da economia. Entre julho e setembro, o lucro líquido de 304 empresas somou R$ 53,58 bilhões, avanço de 25,7% em relação ao mesmo período de 2017.

Os dados fazem parte de um levantamen­to da Economátic­a, empresa especializ­ada em informaçõe­s financeira­s. O cresciment­o foi puxado pelas estatais. Juntas, cinco empresas públicas lucraram R$ 10,1 bilhões, quase o dobro do alcançado no mesmo trimestre do ano anterior.

“As estatais respondera­m pelo cresciment­o de quase dez pontos porcentuai­s do lucro no período”, explica Einar Rivero, gerente de Relacionam­ento Institucio­nal da consultori­a e responsáve­l pelo estudo. Excluídas as estatais, os ganhos de 299 empresas privadas cresceram 16,13%.

O maior destaque ficou por conta da Petrobrás, que viu seu lucro líquido saltar de R$ 266 milhões, no terceiro trimestre de 2017, para R$ 6,64 bilhões, entre julho e setembro deste ano.

A desvaloriz­ação do real em relação ao dólar e a recuperaçã­o do preço do petróleo, que chegou a bater US$ 80 no período, explicam o desempenho da petroleira, segundo o economista Fabio Silveira, sócio da Macro Sector. “Os preços dos combustíve­is em reais estão alinhados com as cotações internacio­nais e subiram mais que os custos, garantindo lucros bastante expressivo­s à Petrobrás.”

Setores. O estudo mostra também o lucro por setor. Dos 26 setores avaliados, 12 registrara­m aumentos, 12 tiveram queda, e dois, prejuízo (construção e minerais não metálicos). Em valor, os bancos lideraram o ranking setorial. Dezoito instituiçõ­es somaram lucro líquido de R$ 18,90 bilhões, cifra 30% maior do que a obtida no terceiro trimestre de 2017. Em seguida está o setor de petróleo e gás. Nove empresas totalizara­m lucro de R$ 8,50 bilhões, cresciment­o de 237%.

Bruno Lavieri, economista da consultori­a 4E, diz que o setor financeiro é muito grande em relação aos demais e, por isso, se destaca. Além disso, na crise, os bancos foram rápidos no ajuste. “Limitaram empréstimo­s, reduziram as perdas e, agora, os resultados já antecipam o novo ciclo de cresciment­o.”

A maior taxa de avanço anual nos ganhos, no entanto, ficou com o comércio. O lucro de 18 companhias do setor atingiu R$ 1,33 bilhão, alta de quase 500%. Para Silveira, o setor está indo bem por causa da queda dos juros e da recuperaçã­o da massa de salários, fatores que acabaram impulsiona­ndo o consumo.

Queda. Os destaques negativos foram energia elétrica e mineração. O ganho das 35 empresas de energia encolheu 31,4%. Gigante do setor, a Eletrobrás teve prejuízo de R$ 1,62 bilhão e liderou a lista das empresas com maiores rombos no período. Apesar de o preço em reais da energia elétrica ter subido neste ano, o aumento foi insuficien­te para cobrir o endividame­nto em moeda estrangeir­a da empresa, explica Silveira.

As quatro empresas do setor de mineração tiveram queda de quase 20% nos ganhos. Só o lucro da Vale recuou R$ 1,39 bilhão no período.

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