Marginal tem parte da pista expressa liberada
Prefeitura. É previsto ainda retirar canteiros para criar novos acessos entre pistas locais e expressas; apesar das medidas, afirma especialista, congestionamento deve ser grande. Técnicos instalam estacas para sustentar viaduto e buscam projeto original
A Prefeitura de São Paulo liberou ontem dois trechos, que somam 10 quilômetros, da pista expressa da Marginal do Pinheiros, interditada desde que um viaduto cedeu, na semana passada. O prefeito Bruno Covas (PSDB) admitiu que a vistoria nas estruturas da cidade é insuficiente.
Na tentativa de evitar congestionamentos, a Prefeitura de São Paulo liberou ontem à tarde dois trechos, que somam 10 quilômetros, da pista expressa da Marginal do Pinheiros. Vinte quilômetros da via haviam sido interditados após um viaduto ceder perto do Parque Villa-Lobos e da Ponte do Jaguaré, na zona oeste. O Município também prevê retirar barreiras, canteiros e passeios para criar pelo menos três novos acessos entre as pistas locais e expressas. No viaduto danificado, os técnicos estão instalando dez estacas para garantir a sustentação da estrutura e buscam o projeto original da obra, que desapareceu, para saber quais medidas tomar.
“Não queremos que os motoristas fiquem represados na Marginal”, disse o secretário municipal de Transportes, João Octaviano Neto. Uma intervenção em canteiros já foi realizada, por exemplo, na altura do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros.
Os trechos liberados da Marginal são entre as pontes Estaiada e a Eusébio Matoso e entre as pontes João Dias e a Estaiada – a liberação não é contínua. A suspensão do rodízio de veículos vale entre a Avenida Bandeirantes, na zona sul, e a Ponte dos Remédios, na região oeste.
A Prefeitura espera liberar mais quatro quilômetros da via expressa nos próximos dias. “A nossa expectativa é de que a via local ande devagar, mas vai andar”, afirmou Octaviano. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Marginal do Pinheiros recebe 1,5 mil veículos por faixa a cada hora.
Com o final do feriado prolongado hoje, o grande teste das medidas adotadas será amanhã. Ontem, a lentidão ficou acima da média das 12 horas até 16 horas. Segundo Octaviano, a população deve priorizar o transporte público, mas não é prevista ampliação da frota de ônibus.
O engenheiro de trânsito Sérgio Ezjenberg, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), afirma que, mesmo com as providências adotadas, a expectativa é que o trânsito na cidade nos próximos dias seja “atroz”. A tendência, afirma ele, é de que motoristas procurem rotas alternativas, levando mais fluxo para os já saturados corredores viários.
Para o especialista, é hora de o paulistano considerar o transporte público. “Há uma série de bons aplicativos de transporte
e o cidadão pode medir o tempo de viagem de carro ou de transporte público”, afirma. “Se o tempo for igual, compensa mais o transporte público.”
Viaduto. Da noite de anteontem para a manhã de ontem, o viaduto cedeu mais 5 milímetros, segundo o secretário municipal de Infraestrutura e Obras, Vitor Aly. “Está tudo sob controle e estamos monitorando a estrutura.” Além do escoramento do viaduto que cedeu, os técnicos fizeram uma “janela” para dar acesso à parte interna da estrutura e avaliá-la melhor.
Estão sendo instaladas dez estacas de sustentação na seção do viaduto danificado para sustentá-lo. Duas já foram instaladas, e a terceira começou a ser fixada ontem. Depois, a Prefeitura
usará macacos hidráulicos para montar um pilar de sustentação provisório. Só depois é que vai ser definida como será a obra de reparo e quanto tempo deve durar. A Prefeitura busca agora o projeto original do viaduto, erguido na década de 1970 pelo governo do Estado.
“Não temos muito otimismo em relação a isso porque uns anos atrás, o arquivo sofreu um incêndio e não sabemos se a documentação ainda existe. Já entramos em contato com a viúva do professor (Walter de Almeida) Braga, que fez o projeto, e também estamos entrando em contato com a Companhia Brasileira de Projetos e Obras, que executou a obra”, afirmou o secretário Vitor Aly. “Sem isso (o projeto original), vamos ter de reconstruir o viaduto.”