Deputado diz que recebeu em espécie de ‘operador’
Preso, Chiquinho da Mangueira, presidente da escola de samba, afirma que recursos eram para ajudar a agremiação
Preso desde o dia 8 na Operação Furna da Onça sob suspeita de receber um “mensalinho”, o deputado estadual do Rio Chiquinho da Mangueira (PSC) confirmou à Polícia Federal que recebeu dinheiro em espécie de Sérgio de Castro Oliveira, o “Serjão”, apontado como um dos operadores financeiros do esquema de corrupção atribuído ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB). O parlamentar declarou que “nunca recebeu dinheiro em conta corrente, sua e de sua mãe”, mas afirmou que a mãe “pode ter recebido alguma quantia” em sua ausência.
Chiquinho negou que o repasse fosse uma “mesada” e disse que o dinheiro era destinado à Mangueira. “Tratava-se de uma ajuda de um colaborador mangueirense para auxiliar nas despesas na Escola de Samba Mangueira, que atravessava momentos difíceis”, disse. “Essas ajudas, que não eram mensais, eram de duas formas: em espécie para pagamentos de despesas com o carnaval e outras despesas eram pagas pelo próprio Serjão diretamente, todas relacionadas às despesas de carnaval.” “Cabral também é mangueirense”, afirmou.
Operação. A Furna da Onça mira em um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual que teria movimentado R$ 54,5 milhões. De acordo com os investigadores, os deputados investigados votariam de acordo com os interesses do ex-governador Sérgio Cabral na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e, em troca, receberiam “mensalinhos”, que poderiam chegar a R$ 900 mil, e o direito de nomear apadrinhados para cargos em órgãos como o Detran-RJ e a Fundação da Infância e a Adolescência (FIA), e em empresas terceirizadas.
Chiquinho da Mangueira e outros deputados tiveram a custódia temporária convertida em preventiva pelo desembargador Abel Gomes no dia 12.