O Estado de S. Paulo

Aliado desiste de deixar governo e Netanyahu ganha fôlego.

Segundo principal partido da coalizão desiste de deixar o governo e evita antecipaçã­o de eleições

- JERUSALÉM

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ganhou sobrevida no cargo ontem depois que o segundo principal partido de sua coalizão recuou na ameaça de deixar o governo de direita, o que levaria o país a eleições antecipada­s. Contrarian­do expectativ­as, o líder do partido nacionalis­ta religioso Lar Judaico, Naftali Bennett, reforçou sua confiança na coalizão e disse esperar que a linha adotada por Netanyahu a partir de agora seja mais à direita.

“Se o primeiro-ministro é sério em suas intenções – e quero acreditar em suas palavras de ontem à noite (domingo) – deixaremos de lado todas nossas exigências políticas no momento e o ajudaremos na missão imensa de fazer Israel ganhar de novo”, disse Bennett.

O partido nacionalis­ta condiciona­va sua permanênci­a na coalizão à concessão do Ministério da Defesa a Bennett, que hoje ocupa a pasta da Educação. A gestão da Defesa está vaga desde a semana passada, quando Avigdor Lieberman deixou o cargo e retirou seu partido, o Yisrael Beiteinu, da coalizão governista após o primeiromi­nistro concordar em estabelece­r uma trégua com o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza. A saída de Lieberman deixou Netanyahu com a maioria apertada na Knesset. Ele tem 61 assentos, de 120.

O movimento islamista Hamas comemorou a saída de Lieberman como “uma vitória política para Gaza”. A escalada de violência em Gaza levou grupos armados palestinos a lançar mais de 400 foguetes e granadas de morteiro sobre Israel, e provocar o revide do Exército israelense, que bombardeou posições no território e matou ao menos 15 palestinos.

Em uma entrevista no domingo, Netanyahu afirmou que seria “irresponsá­vel” convocar eleições antecipada­s.

A situação de Bibi se complicou na sexta-feira, quando Bennett exigiu ser ele o nomeado ministro da Defesa para se manter na coalizão. Netanyahu negou o pedido. “Eu sou o ministro da Defesa, e continuare­i sendo”, acrescento­u ele. Sem o Lar Judaico, a coalizão governista teria apenas dois partidos e 53 assentos.

Segundo analistas, Netanyahu quer evitar eleições antes do fim do ano para impedir que o procurador-geral Avichai Mendelblit decida se apressar e apresentar uma acusação em duas das investigaç­ões de corrupção contra ele para as quais a polícia já apresentou seu indiciamen­to.

Além disso, se eleições forem antecipada­s, a Knesset não poderá nomear o novo chefe de polícia indicado por Netanyahu, major-general Moshe Edri. Segundo especialis­tas, Edri seria próximo de Netanyahu e poderia impedir o prosseguim­ento das investigaç­ões contra ele.

Se a Knesset se dissolver antes que a nomeação seja feita, o gabinete se tornará um governo de transição, que não pode aprovar a nomeação de novos ministros./

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ABIR SULTAN/EFE Sobrevida. Netanyahu em reunião em Tel-Aviv

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