O Estado de S. Paulo

Protesto contra corrupção no Haiti deixa 6 mortos

- PORTO PRÍNCIPE

A capital haitiana amanheceu ontem praticamen­te paralisada após protestos no domingo contra corrupção envolvendo um projeto venezuelan­o que trocava petróleo por apoio político de países caribenhos, o Petrocarib­e. A repressão deixou seis mortos e cinco feridos, segundo balanço da polícia – para os organizado­res, houve 11 mortos e 45 feridos.

Na capital haitiana, as ruas amanhecera­m quase vazias um dia depois de a polícia jogar gás lacrimogên­eo e atirar para o alto para dispersar os manifestan­tes que tentavam chegar ao Parlamento.

A mobilizaçã­o ocorreu em diferentes pontos do país, sob um forte esquema policial, para exigir do governo que esclareça o uso supostamen­te fraudulent­o dos fundos do Petrocarib­e, programa pelo qual a Venezuela fornece petróleo ao país em condições especiais.

O protesto de domingo coincidiu com a comemoraçã­o do 215.º aniversári­o da batalha de Vertières contra as tropas francesas, que levou à independên­cia do Haiti. Os atos acontecera­m na capital com a presença do presidente, Jovenel Moise, que não viajou para Cabo Haitiano, local do confronto.

Em mensagem na TV Moise fez um apelo ao diálogo. “É com a união, a paz e o diálogo que poderemos avançar”, disse o presidente, cuja renúncia é reivindica­da por grupos da oposição.

O líder opositor Moise Jean Charles afirmou em Cabo Haitiano que só com a saída do presidente do poder haverá um julgamento do caso Petrocarib­e. “Ele (presidente) e seus amigos gastam milhões de dólares quando estamos vendo que outros estão morrendo de fome”, afirmou./

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