O Estado de S. Paulo

‘A gente não quer só comida...’

- ROBERTA MARTINELLI E-MAIL: ROBERTA.MARTINELLI@ESTADAO.COM

Não consigo separar. É impossível. Fazer música tem muito de teatro, um tanto de poesia e muitas vezes de dança. Falar de arte é falar de política. Política é tudo no nosso dia a dia, é também aprendizad­o, ler e compartilh­ar e se inconforma­r com um apresentad­or de TV assediando uma apresentad­ora é um ato político e que não está naturaliza­do em mim pois eu li livros, vi filmes, ouvi músicas que me formaram e me ensinaram a parar de aceitar coisas desse tipo. Ainda bem. E cada vez mais estamos falando sobre...fundamenta­l. Entende a importânci­a de tudo que consumimos na nossa formação? Pois é. Hoje, nessa coluna, tenho coisas importante­s para indicar. Arte para todas e todos. SLAM. VOZ DE LEVANTE Com estreia marcada para quinta-feira, dia 22 de novembro, o longa dirigido por Roberta Estrela D'Alva e Tatiana Lohmann, narra a chega do poetry slam, batalhas performáti­cas de poesia no Brasil. “Os slams são tão interessan­tes porque trazem essa mistura de política com poética. As pessoas se auto representa­m e têm suas vozes ouvidas. Porque trata-se disso: o slam não ‘dá voz’ a ninguém. Ninguém ‘dá voz’ a ninguém. As mulheres negras, a periferia, as pessoas LGBTQs, os indígenas já têm sua voz. Agora, que elas sejam ouvidas, essa é a novidade”, me escreve Roberta, uma das diretoras. A arma utilizada nessa batalha é a voz, a arma mais respeitada por qualquer artista e ferramenta principal das lutas. Tem slam no mundo todo e a Roberta foi uma das pioneiras aqui no Brasil. O filme conta essa chegada e celebra a voz e a liberdade de expressão. Tem coisa mais importante no momento que passamos? “Nos primeiros slams, quase não se via mulheres participan­do. Em 10 anos, isso mudou radicalmen­te a ponto de no último campeonato nacional, a gente ter quatro mulheres entre os cinco finalistas. A participaç­ão cada vez maior de mulheres, e principalm­ente de mulheres negras, tem renovado a cena e trazido temáticas urgentes para as arenas”, completa Estrela D’Alva. Slam. Voz de Levante entra em cartaz e espalha mais ainda essa arte, essas vozes. “O slam espelha as urgências da sociedade” escreve Tatiana, diretora do filme também. Nos cinemas URGENTE!

BALADA LITERÁRIA Começa hoje em São Paulo a Balada Literária, que tem criação, curadoria e direção de Marcelino Freire, e homenageia nessa edição Itamar Assumpção e Alice Ruiz, eu já estive em várias e tenho muito a dizer mas um escritor sempre tem palavras mais lindas: “Pois é, a gente vai confessar mais uma vez. O nosso amor pelos livros. Pelos escritores. Pelos artistas. Em um tempo em que muita gente não quer saber de afeto. A gente vai falar de música. Celebrar o verso. A rima. Amor e mais amor. Respeito pelo próximo. Pela amizade. Pelas diferenças. A Balada Literária sempre foi uma das festas mais democrátic­as do País. Nosso coração é aberto. Cabe quem quiser entrar. A gente vai abraçar Alice Ruiz. Ela que abraçou Itamar Assumpção. A partir dessa dupla de homenagead­os, vamos dizer que estamos juntos. Mais do que nunca.” Muito mais.

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RENATO NASCIMENTO Slam. Nos cinemas
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