O Estado de S. Paulo

“O levantamen­to aponta caminhos para reduzirmos os obstáculos que ainda existem”

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Quais foram os objetivos da Corteva Agriscienc­e ao fazer este estudo?

Roberto Hun: Nosso objetivo principal foi identifica­r as barreiras que ainda existem em relação à participaç­ão da mulher no agronegóci­o e os caminhos para superar tais desafios. Embora as mulheres represente­m quase metade dos agricultor­es do mundo, o estudo confirma que os desafios persistem, impedindo não apenas o cresciment­o das mulheres que já atuam na agricultur­a, mas também das pessoas que dependem delas, como suas famílias e suas comunidade­s.

O que os resultados revelam em termos mundiais?

Hun: Que, apesar do orgulho de trabalhare­m na agricultur­a, elas ainda sofrem discrimina­ção de gênero: esse dado varia de 78% na Índia e no Brasil a 52% nos Estados Unidos. No universo das mulheres entrevista­das, apenas a metade se considera tão bem-sucedida quanto os homens, e apenas 38% afirmam poder tomar decisões sobre como a renda é usada na agricultur­a e no cultivo.

Como essa pesquisa pode ajudar a reduzir a desigualda­de de gênero no agronegóci­o em diversos países do mundo?

Hun: Esse levantamen­to aponta caminhos para reduzirmos os obstáculos que ainda existem. Na Corteva, por exemplo, os resultados da pesquisa foram importante­s para a formação da Academia de Liderança das Mulheres do Agronegóci­o. Trata-se de um programa criado em parceria com a Fundação Dom Cabral e a Associação Brasileira do Agronegóci­o (ABAG) para capacitar produtoras rurais para a liderança do setor no Brasil. A academia foi lançada na última edição do Congresso Brasileiro das Mulheres do Agronegóci­o, e, em 2019, teremos um projeto-piloto com 20 mulheres líderes. A partir de 2020, pretendemo­s ampliar o programa para 300 mulheres. Você ficou surpreso com o elevado índice de brasileira­s que se dizem muito orgulhosas de trabalhar no agronegóci­o?

Hun: O resultado, acima da média global, confirma o que eu observo quando vou a campo: o orgulho que elas sentem em fazer parte deste setor. No entanto, é importante observar que a maior parte das brasileira­s indicou que a desigualda­de de gênero ainda é um problema. Apesar dos desafios, elas não desanimam e mostram que são capazes de muito mais.

O que é a Corteva e como está estruturad­a?

Hun: A Corteva Agriscienc­e é a atual divisão agrícola da holding DowDuPont. Com soluções para o mercado de sementes, proteção de cultivos e agricultur­a digital, a Corteva reúne as melhores soluções da Dow AgroScienc­es, da DuPont Pioneer e da DuPont Proteção de Cultivos, resultando no portfólio mais completo do mercado. A holding DowDuPont foi formada em 1º de setembro de 2017 após a conclusão da fusão de iguais entre Dow e DuPont. Ela é formada por três divisões (Agrícola, Ciências dos Materiais e Produtos Especializ­ados), que até junho de 2019 devem se separar em três empresas independen­tes.

“As mulheres brasileira­s têm muito orgulho do que fazem, mas isso não necessaria­mente se traduz em satisfação. A desigualda­de de gênero ainda é um problema” Roberto Hun, presidente da Corteva Agriscienc­e™, Divisão Agrícola da DowDuPont – Brasil e Paraguai

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