O Estado de S. Paulo

Temer prepara série de concessões para Bolsonaro

Infraestru­tura. Governo vai divulgar na semana que vem os editais de licitação de 12 aeroportos, 4 portos e uma ferrovia, com arrecadaçã­o prevista de R$ 1,5 bi para a União; com a publicação do edital, oferta pode ser realizada no prazo de 100 dias

- André Borges / BRASÍLIA OTTA COLABOROU LU AIKO

O presidente eleito Jair Bolsonaro vai receber da gestão Temer um pacote de projetos de concessão prontos para ser leiloados no 1.º trimestre de 2019. No dia 29, o governo vai divulgar os editais de licitação de 12 aeroportos, quatro terminais portuários e uma ferrovia. Somados, os lances mínimos dos leilões chegam a cerca de R$ 1,5 bilhão.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, vai receber da gestão Temer um pacote fechado de projetos de concessão, prontos para serem leiloados já no primeiro trimestre do ano que vem. No próximo dia 29, o governo vai divulgar os editais de licitação de 12 aeroportos, 4 portos e uma ferrovia. Como o trâmite leva 100 dias, Bolsonaro poderia realizar os leilões em março de 2019.

A arrecadaçã­o estimada é de R$ 1,5 bilhão e os investimen­tos previstos somam R$ 6,4 bilhões. Todo esse dinheiro, no entanto, não entraria no caixa ou seria injetado na economia automatica­mente, já que cada edital tem regras específica­s.

Ainda assim, o pacote de Temer dará a Bolsonaro a oportunida­de de, logo no início de sua gestão, injetar recursos extras no Tesouro Nacional e mostrar dinamismo em uma área que escolheu como prioridade. O futuro governo terá uma secretaria dedicada a privatizaç­ões, com as quais pretende arrecadar R$ 1 trilhão.

Segundo fontes da equipe de transição, essa secretaria é objeto de uma disputa interna entre o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, o vice-presidente, Hamilton Mourão, e Gustavo Bebbiano, anunciado ontem como o futuro secretário-geral da Presidênci­a.

A publicação dos editais das concessões em infraestru­tura foi informada ontem pelo ministro dos Transporte­s Valter Casimiro. A realização dos leilões em março do ano que vem, segundo o ministro, estaria praticamen­te confirmada, porque todo o processo de finalizaçã­o dos editais teria sido acompanhad­o pela equipe de transição de Bolsonaro. “Não tivemos retorno da equipe de transição sobre eventuais mudanças necessária­s”, disse Casimiro.

As concessões são velhas conhecidas do governo, dos investidor­es e do Tribunal de Contas da União (TCU). Pelo cronograma oficial do governo Temer, todas já deveriam ter sido repassadas

para a iniciativa privada, mas acabaram sofrendo atrasos sucessivos por conta de revisões de estudos e ajustes pedidos pelo TCU.

A concessão mais cara é a da

Ferrovia Norte-Sul, que teve lance mínimo fixado em R$ 1,2 bilhão, além de outros R$ 2,7 bilhões em investimen­tos previstos para ocorrer ao longo da concessão de 30 anos. Será oferecido

o trecho de 1.537 km, que liga Estrela d’Oeste (SP) a Porto Nacional (TO), conectando-se aos demais trechos da NorteSul que estão em operação.

Na área aeroportuá­ria, são 12 terminais divididos em três blocos. Seis aeroportos ficam na Região Nordeste e dois na Região Sudeste. Para os aeroportos, a previsão mínima de arrecadaçã­o é de R$ 208 milhões em outorga. Os investimen­tos que serão feitos ao longo dos anos de cada concessão, porém, chegam a R$ 3,5 bilhões.

O governo incluiu ainda no pacote quatro terminais portuários, sendo três deles localizado­s no município de Cabedelo (PB) e um em Vitória (ES). Não foram divulgados os valores mínimos de outorga para esses terminais – normalment­e são de R$ 1,00 –, mas os investimen­tos incluídos nas propostas somam R$ 200 milhões.

Até julho, o governo Temer ainda prometia que cada uma dessas concessões iria a leilão durante sua gestão. Em agosto deste ano, porém, em entrevista ao Estado, Casimiro já admitia que as propostas ficariam mesmo para 2019, por conta de prazos regimentai­s previstos nos editais. /

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