O Estado de S. Paulo

Casa de Ronaldinho Gaúcho é alvo de busca e apreensão

MP gaúcho cumpre ordem judicial contra a família Assis Moreira, condenada a pagar multa milionária por dano ambiental

- Lucas Rivas / PORTO ALEGRE ESPECIAL PARA O ESTADO

O Ministério Público do Rio Grande do Sul cumpriu mandado de busca e apreensão de bens na manhã de ontem em uma das residência­s do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, no bairro Cavalhada, na zona sul de Porto Alegre. No imóvel, foram recolhidos três veículos e uma obra de arte. As duas BMWs e o MercedesBe­nz estão avaliados, preliminar­mente, em R$ 200 mil. O quadro pode valer até US$ 20 mil (R$ 75 mil).

A ação foi coordenada pela Promotoria de Meio Ambiente de Porto Alegre. A ofensiva teve como objetivo reaver valores da família Assis Moreira, uma vez que o empresário Roberto de Assis Moreira, ex-jogador e irmão de Ronaldinho, e o arquiteto Carlos Alberto Ramella foram condenados por crimes ambientais cometidos em 2006, quando foi lançado o Instituto Ronaldinho Gaúcho, na Avenida Edgar Pires de Castro, no bairro Belém Velho, na zona sul da capital gaúcha, assim como o Centro Ronaldinho Gaúcho, situado na mesma avenida. O valor corrigido das multas ainda não foi divulgado pela Justiça.

A Promotoria de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre denunciou os condenados em conjunto com o então empreiteir­o, que morreu no curso do processo. Na época, o Ministério Público celebrou compromiss­o de ajustament­o de conduta na esfera cível para reparação dos danos ambientais, termo

que foi parcialmen­te descumprid­o e motivou três execuções judiciais em trâmite no Foro Regional da Restinga.

Além deste processo, Ronaldinho, Assis e a empresa Reno Construçõe­s e Incorporaç­ões também foram condenados por crime ambiental pela construção ilegal de um trapiche (uma ponte de madeira) com plataforma de pesca e atracadour­o na Orla do Guaíba, considerad­a área de preservaçã­o ambiental. A sentença transitou em julgado em fevereiro de 2015. Como os réus não foram localizado­s, eles foram intimados por edital em 2017. O valor das multas e da indenizaçã­o chega a R$ 8,5 milhões.

No início do mês, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) determinou a apreensão dos passaporte­s de Ronaldinho Gaúcho e de Assis devido ao não pagamento da dívida por dano ambiental em Porto Alegre. A decisão atende a um pedido do Ministério Público. Segundo sentença do desembarga­dor Newton Fabrício, os réus foram omissos durante o processo e sempre se recusaram a receber intimações.

Na ocasião, o magistrado ainda cita que só foi possível intimar os irmãos quando um oficial de Justiça foi até a Assembleia Legislativ­a durante depoimento de Roberto Assis na CPI do Instituto Ronaldinho. “Apesar de fotografad­os rotineiram­ente, em diferentes lugares do mundo, corroboran­do o trânsito internacio­nal intenso mediante a juntada de Certidões de Movimentos Migratório­s, os recorrente­s, curiosamen­te, em seu país de origem, possuem paradeiro incerto e/ou não sabido”, afirmou o desembarga­dor na decisão.

A reportagem do Estado tentou, mas não conseguiu contato com os advogados da família Assis Moreira até o fechamento desta edição.

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MPF Confisco. Ronaldinho Gaúcho teve bens retirados de sua casa em Porto Alegre, entre eles três carros, em ação do MP gaúcho

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