O Estado de S. Paulo

Nomeado para AGU diz que vai investir no diálogo

Nomeado por Bolsonaro, André Luiz Mendonça diz que papel da AGU deve ser técnico e que buscará diálogo com Judiciário

- André Luiz de Almeida Mendonça, Breno Pires / BRASÍLIA ministro indicado para a Advocacia-Geral da União (AGU) no governo Bolsonaro

Nome confirmado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, para chefiar a Advocacia-Geral da União (AGU), André Luiz de Almeida Mendonça, de 45 anos, diz querer aprofundar os mecanismos de combate à corrupção – sua “missão de vida”, segundo ele. Ao Estado, Mendonça frisou que o papel da AGU é técnico e afirmou que “o fundamenta­l vai ser construir um diálogo com o Judiciário, com o meio jurídico, a fim de que se consiga uma pacificaçã­o social à luz das políticas públicas que vierem a ser implementa­das”.

Hoje consultor jurídico na Controlado­ria-Geral da União (CGU), Mendonça disse que irá trabalhar em parceria com o órgão e também com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a ser chefiado por Sérgio Moro. O futuro advogado-geral recebeu uma mensagem de Moro logo após o anúncio público feito por Bolsonaro, em um indicativo de respaldo a seu nome. O convite lhe foi feito pessoalmen­te pelo presidente eleito no gabinete de transição ontem, quando ouviu de Bolsonaro que a escolha se baseou no histórico funcional e no currículo. A seguir os principais trechos da entrevista:

O presidente eleito fez ao longo da campanha várias declaraçõe­s que levaram a reações do meio jurídico, procurador­es e juízes. Como o sr. vê algumas destas questões, como a redução da maioridade penal, fim de progressão de regime, instituir excludente de ilicitude prévia?

Como o papel da AGU é mais técnico, o fundamenta­l vai ser construir um diálogo com o Judiciário, com o meio jurídico, a fim de que se consiga uma pacificaçã­o social à luz das políticas públicas que vierem a ser implementa­das. Então, o fundamenta­l nisso é o diálogo, a conversa, a busca do convencime­nto, mas de forma técnica e responsáve­l, acho que esse é o papel da AGU.

A leniência será uma prioridade para o sr.?

Sou eu que supervisio­no esses casos hoje, assessoran­do o ministro Wagner (Rosário, da CGU). Eu faço a orientação, tenho um trabalho forte – um dos capítulos na minha tese é negociação em casos de corrupção e deve ser publicado agora um livro na Espanha sobre isso – então, oriento tecnicamen­te o trabalho das comissões.

O ministro Wagner Rosário pensa em alterações legais que poderiam ajudar a leniência, como anistiar multas que informem ao Estado casos de corrupção que eram totalmente desconheci­dos? Alteração legislativ­a a gente pode eventualme­nte discutir. Certamente, da minha parte e do ministro Wagner. Vai ser muito em harmonia com o ministro Sérgio Moro. Já me coloquei à disposição nesse sentido. Ele me enviou mensagem e eu já retornei. É prematuro discutir qualquer alteração. O que há é uma harmonia. Ele tem um trabalho técnico e eu tenho um trabalho técnico. E é como técnicos que nós estamos ocupando essas instituiçõ­es. Nosso compromiss­o é atuar de forma técnica, dentro dos parâmetros da legalidade, e da constituiç­ão. É nesse sentido que a gente vai trabalhar.

O sr. foi corregedor-geral da AGU na gestão Medina Osório, no governo Temer. Ao ser desligado da AGU, Osório disse que havia indisposiç­ão do governo para mover ações de improbidad­e contra políticos na Lava Jato. O sr. teve conhecimen­to de algo assim? Não tenho conhecimen­to. Não atuava nessa área naquele momento. Não sei o que aconteceu e não vou me manifestar sobre o que eu não sei.

A pauta de Bolsonaro é combater a corrupção doa a quem doer. A AGU irá para cima de políticos citados em casos de corrupção? Sobre o futuro, o que a gente precisa ter é um trabalho sério de combate à corrupção, com responsabi­lidade, sem acusações levianas, mas sem deixar de fazer o que tem de ser feito. Essa é a luta minha de vida, e certamente terei apoio do Bolsonaro, que já deu muitos sinais nesse sentido.

Pensando além da corrupção, qual será o seu objetivo na AGU? Pretendo fazer um trabalho sério, dentro dos parâmetros da constituiç­ão e da legalidade e ajudar a construir um Brasil que seja mais justo e capaz de entender os desafios que ele tem, seja na área do desenvolvi­mento, seja na área da desburocra­tização, da simplifica­ção de procedimen­tos. De ter uma AGU mais ágil, compromiss­ada com o interesse público e capaz de viabilizar e dar segurança jurídica às políticas públicas de governo.

Como foi a conversa com Bolsonaro e que diretrizes ele passou? Foi uma conversa muito boa, o presidente pensou o que eu penso da instituiçã­o e como a AGU pode ajudar o desenvolvi­mento do Estado Brasileiro, a melhoria das condições do povo brasileiro, e eu expus isso. A recomendaç­ão que ele passou foi de trabalhar com seriedade, em harmonia entre os poderes e de contribuir com o desenvolvi­mento do País.

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ANTONIO CRUZ/AGENCIA BRASIL - 23/8/2012 Cargo. Atualmente, André Luiz de Almeida Mendonça é consultor jurídico na Controlado­ria-Geral da União (CGU)

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