O Estado de S. Paulo

DEM adia anúncio de adesão a novo governo

Partido tenta contornar reações à indicação de 3 ministros e viabilizar a reeleição de Maia na presidênci­a da Câmara

- BRASÍLIA / FELIPE FRAZÃO, CAMILA TURTELLI, TÂNIA MONTEIRO, LUCIANA DYNIEWICZ, LEONENCIO NOSSA e JULIA LINDNER

Mesmo com três deputados escolhidos como ministros pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, o DEM adiou um anúncio de adesão formal à base do futuro governo no Congresso Nacional e ainda busca preservar as articulaçõ­es do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), para ser reconduzid­o ao cargo nas eleições internas entre os deputados. Maia tenta contornar insatisfaç­ões de siglas do Centrão alijadas na montagem do governo Bolsonaro.

“Integrar ou não a base será fruto de uma decisão posterior do partido”, disse o presidente nacional da sigla, o prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, ao sair de uma primeira reunião oficial com o correligio­nário Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ministro da transição e futuro titular da Casa Civil. “Se a agenda for convergent­e, não vejo motivo para o Democratas não ajudar”, acrescento­u.

O tom do diálogo entre ACM Neto e Onyx, que estava rompido com a direção do partido, foi amistoso. Eles ficaram de manter contatos frequentes até que a executiva nacional decida se vai integrar a base. Enquanto isso, o DEM vai costurar a reeleição de Maia. ACM Neto ouviu garantias de que Bolsonaro não vai operar contra Maia nem será hostil a ele – apesar de citar outros quatro parlamenta­res de partidos do Centrão quando questionad­o sobre nomes para presidir a Câmara.

Insatisfaç­ões. Maia costurou o bloco, que agiu junto até o primeiro turno das eleições, e manteve pontes com partidos de esquerda. Agora, teme que os três ministério­s sinalizem um governismo capaz de afastar um eventual apoio de siglas como PCdoB, PSB, PDT e PT, com quem manteve bom relacionam­ento. Apoiadores de Maia enxergam no trânsito com esquerda um trunfo de Maia que outros possíveis candidatos simpatizan­tes de Bolsonaro não têm.

Os aliados de Maia entendem que outras siglas do Centrão (PP, PR, PRB e Solidaried­ade), com “ciúmes” por terem sido preteridas até agora por Bolsonaro, começaram a por em dúvida a manutenção do bloco por causa do espaço dado a parlamenta­res do DEM. A insatisfaç­ão é vista como parte do jogo político. Ontem, o deputado exerceu a Presidênci­a da República enquanto o presidente Michel Temer viajava ao Chile, e recebeu líderes do Centrão no Palácio do Planalto.

“Integrar ou não a base (do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro) será fruto de uma decisão posterior do partido.” ACM Neto

PRESIDENTE NACIONAL DO DEM

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–25/4/2018 Sigla. O prefeito de Salvador, ACM Neto, é presidente do DEM

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