DEM adia anúncio de adesão a novo governo
Partido tenta contornar reações à indicação de 3 ministros e viabilizar a reeleição de Maia na presidência da Câmara
Mesmo com três deputados escolhidos como ministros pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, o DEM adiou um anúncio de adesão formal à base do futuro governo no Congresso Nacional e ainda busca preservar as articulações do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), para ser reconduzido ao cargo nas eleições internas entre os deputados. Maia tenta contornar insatisfações de siglas do Centrão alijadas na montagem do governo Bolsonaro.
“Integrar ou não a base será fruto de uma decisão posterior do partido”, disse o presidente nacional da sigla, o prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, ao sair de uma primeira reunião oficial com o correligionário Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ministro da transição e futuro titular da Casa Civil. “Se a agenda for convergente, não vejo motivo para o Democratas não ajudar”, acrescentou.
O tom do diálogo entre ACM Neto e Onyx, que estava rompido com a direção do partido, foi amistoso. Eles ficaram de manter contatos frequentes até que a executiva nacional decida se vai integrar a base. Enquanto isso, o DEM vai costurar a reeleição de Maia. ACM Neto ouviu garantias de que Bolsonaro não vai operar contra Maia nem será hostil a ele – apesar de citar outros quatro parlamentares de partidos do Centrão quando questionado sobre nomes para presidir a Câmara.
Insatisfações. Maia costurou o bloco, que agiu junto até o primeiro turno das eleições, e manteve pontes com partidos de esquerda. Agora, teme que os três ministérios sinalizem um governismo capaz de afastar um eventual apoio de siglas como PCdoB, PSB, PDT e PT, com quem manteve bom relacionamento. Apoiadores de Maia enxergam no trânsito com esquerda um trunfo de Maia que outros possíveis candidatos simpatizantes de Bolsonaro não têm.
Os aliados de Maia entendem que outras siglas do Centrão (PP, PR, PRB e Solidariedade), com “ciúmes” por terem sido preteridas até agora por Bolsonaro, começaram a por em dúvida a manutenção do bloco por causa do espaço dado a parlamentares do DEM. A insatisfação é vista como parte do jogo político. Ontem, o deputado exerceu a Presidência da República enquanto o presidente Michel Temer viajava ao Chile, e recebeu líderes do Centrão no Palácio do Planalto.
“Integrar ou não a base (do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro) será fruto de uma decisão posterior do partido.” ACM Neto
PRESIDENTE NACIONAL DO DEM