O Estado de S. Paulo

Decreto gerou impunidade, diz chefe da PGR

- BRASÍLIA / T.C e R.M.M.

A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, disse ontem que o decreto de indulto natalino e comutação de penas a condenados assinado pelo presidente Michel Temer em dezembro passado “ampliou desproporc­ionalmente os benefícios e criou um cenário de impunidade no País, sem uma justificat­iva minimament­e razoável”.

A afirmação foi feita na sustentaçã­o oral do julgamento, no plenário do Supremo Tribunal Federal, da ação em que a PGR questiona a extensão do indulto natalino concedido por Temer. O julgamento foi suspenso e será retomado na próxima quarta-feira.

O decreto nos moldes em que foi aplicado por Temer, na avaliação de Raquel, não ressociali­za, não dissuade novas práticas, apenas “passa a sensação de que o crime compensa”. Segundo ela, o decreto “reduziu em 80% o tempo de cumpriment­o da pena aplicada, extinguiu penas restritiva­s de direito, suprimiu multas e o dever de reparar os danos pela prática de crimes graves”.

Em 28 de dezembro a então presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, suspendeu parcialmen­te o decreto, apontando que o texto não pode ser “instrument­o de impunidade”, nem “prêmio ao criminoso”. Cármen suspendeu pontos como indulto a quem cumprisse um quinto de qualquer tipo de pena ou que tivesse recebido pena restritiva de direito (como prisão domiciliar com tornozelei­ra eletrônica).

Em março, o relator da ação, ministro Luís Roberto Barroso, alterou parâmetros do o indulto estabelece­ndo novas regras, como a exclusão do benefício a condenados por crimes de colarinho-branco.

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