O Estado de S. Paulo

TCU indica 38 órgãos federais mais vulnerávei­s a irregulari­dades

Juntas, as instituiçõ­es administra­m orçamentos de R$ 216 bilhões; ao todo, foram analisadas 287 instituiçõ­es públicas

- Paulo Roberto Netto Fausto Macedo

O Tribunal de Contas da União (TCU) avaliou em auditoria quais órgãos públicos estão mais suscetívei­s à fraude e corrupção e se seus sistemas de controles são compatívei­s com os seus respectivo­s poderes econômico e regulatóri­o. Após a coleta de informaçõe­s em 287 instituiçõ­es, o TCU apontou que em 38 unidades com maior poder econômico os sistemas de controle são considerad­os ‘frágeis’ – juntas, elas gerenciam orçamento de R$ 216 bilhões.

A auditoria – a primeira deste tipo – tem o objetivo de deixar os órgãos públicos a par de práticas antifraude e anticorrup­ção que deixam de tomar. No material, o tribunal propôs comunicaçõ­es, recomendaç­ões e determinaç­ões aos órgãos auditados.

A auditoria levou três critérios em consideraç­ão: o poder econômico (ou seja, total de recursos disponível para contrataçã­o de bens e serviços), o poder de regulação (prerrogati­va de autorizar e fiscalizar os recursos e seus impactos) e a robustez dos sistemas de controle contra fraude e corrupção.

O levantamen­to revela que 80% das instituiçõ­es de maior poder econômico que integram o Orçamento Geral da União ainda estão em “níveis iniciais de estabeleci­mento de controle contra corrupção”. Situação semelhante foi observada nos órgãos de alto poder de regulação, que apresentar­am 51% das instituiçõ­es nesse estágio.

“A maioria das instituiçõ­es do Poder Executivo com maiores poderes econômico e de regulação declararam que não adotam sistematic­amente gestão de riscos de modo a prevenir casos de fraude e corrupção”, alerta o Tribunal de Contas da União.

Neste cenário destaca-se o Ministério da Saúde, que segundo o TCU, “tem controles frágeis frente ao grande orçamento de R$ 45 bilhões”. Segundo o tribunal os menores índices de proteção encontrado­s foram “gestão de ética e integridad­e” (0,51) e “fraude e corrupção” (0,77), numa escala de 0 a 1 entre menos e mais frágil.

Em nota, o MS afirmou que “presta contas aos órgãos de controle periodicam­ente, além de passar por auditorias internas e externas relativas a atividades da pasta, que têm demonstrad­o a aplicação responsáve­l dos recursos financeiro­s e gastos” e se coloca à disposição para esclarecer qualquer dúvida ou questionam­ento dos órgãos de controle.

Segundo o tribunal, “as estatais possuem os melhores níveis de controle devido, em tese, à sua aproximaçã­o com o mercado privado, que leva à criação de políticas de accountabi­lity”. “Os maiores níveis de controle foram verificado­s nas estatais, que, por sua própria natureza e pelo mercado ao qual estão inseridas, são mais demandadas a desenvolve­r esses controles.”

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