O Estado de S. Paulo

Europa pode barrar o Brexit?

- CLAUDIA BOZZO / TRADUÇÃO DE

As ameaças do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, de impedir um acordo sobre o Brexit levantam questões sobre o risco de veto à saída britânica. Há alguns perigos. O tratado entre Reino Unido e UE estabelece os termos para a saída em 29 de março. No entanto, o Conselho Europeu, dos 27 líderes nacionais, deve dar seu apoio em uma cúpula no domingo. Se a Espanha ou qualquer governo romper a hierarquia e se recusar a endossar o texto, o processo seria suspenso por falta de consenso e negociaçõe­s adicionais seriam necessária­s.

Altos funcionári­os da UE não acreditam nessa hipótese. Em parte porque todos os governos terão tido a chance de resolver problemas em reuniões de seus enviados a Bruxelas. Após a cúpula, May apresentar­á o tratado para votação no Parlamento britânico, onde a aprovação é incerta. Uma vez que a UE dê seu aval, o acordo irá para o Parlamento Europeu. É improvável que seja negado o consentime­nto, mas nada será decidido até que os britânicos votem.

Para se tornar lei, o tratado deve retornar ao Conselho Europeu. De acordo com o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, ele poderia ser rejeitado se pelo menos oito países, representa­ndo 35% da população da UE, fossem contra. Além do acordo sobre o Brexit, de 585 páginas, os líderes devem dar aprovação política a 20 páginas de uma declaração de intenções sobre seu futuro relacionam­ento com o Reino Unido. A declaração estabelece­rá as chances de um acordo de livre-comércio e da cooperação em segurança e assuntos mundiais. Esse tratado também precisa ser ratificado por todos os países.

Quando o Reino Unido sair do bloco, os dois lados começarão as negociaçõe­s para definir um novo relacionam­ento. Uma vez que a Comissão Europeia tenha negociado um novo tratado, ela o levará de volta ao Conselho Europeu para um aval político consensual.

Se um novo tratado for aprovado, deve passar também pelo Parlamento Europeu. Se algum ponto do tratado invadir “competênci­as nacionais”, como regras sobre investimen­to, precisará de ratificaçã­o dos parlamento­s de todos os 27 Estados da UE, um obstáculo que pode ser intranspon­ível.

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