Desvio na Marginal faz SP superar média de trânsito.
No 1º dia útil após viaduto ceder, motoristas usam Marginal do Tietê e 23 de Maio como alternativas; Prefeitura montou megaoperação
O motorista enfrentou congestionamento maior, mas a megaoperação da Prefeitura e a mudança na rotina de parte dos paulistanos impediram um caos no trânsito ontem, primeiro dia útil de interdição de um trecho da Marginal do Pinheiros, zona oeste de São Paulo, após um viaduto ceder na via. Rotas alternativas como a Marginal do Tietê e a Avenida 23 de Maio registraram aumento no tráfego e houve até aumento de ciclistas na Avenida Faria Lima.
Conforme a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o congestionamento na manhã atingiu, às 9 horas, o pico de 152 quilômetros, 25% maior que a média para o dia e horário. No fim da tarde e à noite, a lentidão máxima foi de 87 quilômetros, às 17 horas, dentro das médias para o horário.
Segundo técnicos da CET, o trânsito acima da média se concentrou em dois principais eixos viários, usados como rotas alternativas à Marginal do Pinheiros: o Corredor Norte-Sul, incluindo a 23 de Maio, e a Marginal do Tietê. “A mudança mais significativa que teve, e não temos a contagem ainda, é o uso da ciclovia da Brigadeiro Faria Lima”, disse o secretário municipal de Transportes, João Octaviano Neto.
Os motoristas que trafegam pela região tiveram de adaptar o itinerário em razão do bloqueio. A opção adotada foi sair com maior antecedência de casa e usar caminhos alternativos. Ainda assim, relatos de atrasos e engarrafamentos se acumularam.
“Saí mais cedo para não prejudicar a abertura do comércio, mas ainda assim me atrasei 40 minutos. Acaba havendo um efeito de espalhar engarrafamentos por diferentes vias, em todos os cantos passa a haver problemas”, disse o empresário Allan Felix Espadrezani, de 30 anos.
Quem teve a chance nem saiu de casa para trabalhar. A DuPont, empresa de tecnologia em Alphaville, na Grande São Paulo, por exemplo, decidiu autorizar expediente remoto para os funcionários esta semana.
“É preciso mais tempo para entender como as pessoas vão lidar com a situação. Hoje (ontem) houve redistribuição do tráfego, elas tomaram rotas alternativas ou adiaram compromissos. Possível também ter havido mudança de modal para o transporte coletivo”, avaliou Paulo Bacaltchuck, professor de Engenharia de Tráfego da Universidade Mackenzie.
Segundo Octaviano, no máximo em três semanas, mais cinco quilômetros da parte interditada da Marginal devem ser liberados. Um dos pontos é na saída da Ponte Edison de Godoy Bueno e o outro é perto da Ponte Cidade Universitária.
Com a avaliação da Prefeitura de que a estratégia de ontem tiveram desempenho satisfatório, a ideia agora é monitorar as ruas nos próximos dias antes de novas medidas. “É uma situação tão dinâmica que precisamos estar preparados para manter, alterar e suprimir algumas medidas”, disse o secretário Octaviano. Ontem, pela primeira
vez, a CET usou drones para monitorar o trânsito em tempo real.
Técnicos da Prefeitura também se reuniram ontem com dirigentes da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), para antecipar o recebimento de cargas e reorganizar o trânsito interno e evitar filas do lado de fora.
Sem prazo. O prefeito Bruno Covas (PSDB) reafirmou que ainda não há previsão para concluir a obra na Marginal. “Encontramos ontem (anteontem) o engenheiro que executou a obra em uma cidade do litoral e ele já está colaborando.” O Ministério Público Estadual deu ontem prazo de dez dias para que a Prefeitura informe sobre as providências para reparar o trecho que cedeu e outros viadutos na cidade. Covas negocia com o Tribunal de Contas do Município (TCM) edital para contratar vistorias nessas estruturas.